RIO A atuação do empresário Fernando Cavendish na Delta, alvo da Operação Saqueador deflagrada nesta quinta-feira pela Polícia Federal, o aproximou de políticos. Depois de a CPI do Cachoeira, que investigou a relação do bicheiro Carlos Augusto Ramos com a Delta Construções, já ter sido instalada no Congresso Nacional, o ex-governador do Rio Anthony Garotinho divulgou fotografias em que o então governador do Rio, Sérgio Cabral, aparecia ao lado de Cavendish, supostamente em Paris. Em outra imagem, o ex-presidente da Delta aparecia com secretários de Cabral usando guardanapos na cabeça. No grupo, estavam o então secretário de Saúde, Sérgio Côrtes, e o de governo, Wilson Carlos.
Outro fato que evidenciou a relação entre Cavendish e Cabral foi o acidente de helicóptero, ocorrido em junho de 2011, na Bahia, em que morreram a namorada do filho do então governador, Mariana Noleto, e a mulher do ex-presidente da Delta, Jordana Kfuri. O governador Sérgio Cabral e o filho Marco Antônio também participavam da viagem, mas não embarcaram na aeronave, que inicialmente, levou somente as mulheres e as crianças. O motivo da viagem era a festa de aniversário de Cavendish.
Na época, Cabral negou que suas relações pessoais com o então presidente da Delta Construções tenham influenciado no aumento de contratos da construtora com o governo do estado nos anos de sua gestão. A empreiteira já somava cerca de R$ 1 bilhão em contratos com o governo do estado desde 2007, primeiro ano do governo Cabral, até junho de 2011.
Reportagem publicada pelo GLOBO à época mostrou que, somente em 2011, a empreiteira obteve R$ 58,7 milhões em empenhos para a realização de serviços para os quais não houve licitação, pois foram aprovados em caráter emergencial. Em 2007, o total de empenhos foi de R$ 67,2 milhões, valor que saltou para R$ 506 milhões em 2010. Entre os consórcios de que a empresa participou estavam a reforma do Maracanã, a qual ela abandonou após a CPI do Cachoeira, e a construção do Arco Metropolitano.