Cotidiano

Cavendish, Cachoeira e outros presos na Operação Saqueador são transferidos para Bangu 8

Cavendish e outros 4 suspeitos não podem deixar prisão sem tornozeleira

RIO – Os cinco presos na Operação Saqueador — o bicheiro Carlinhos Cachoeira, o ex-dono da Delta Fernando Cavendish, o ex-diretor da construtora Cláudio Abreu, o empresário Adir Assad e Marcelo Abbud — foram transferidos, na tarde deste sábado, para o presídio Bangu 8, para onde geralmente são enviados os detidos que possuem curso superior. Cavendish e Assad são formados em engenharia e Cachoeira, em administração. Eles estavam no presídio Ary Franco, em Água Santa, na Zona Norte do Rio. Na sexta, o desembargador Antonio Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, converteu a prisão preventiva de cinco alvos da operação, entre eles Cavendish e Assad, em prisão domiciliar. O MPF vai recorrer da decisão.

A decisão do desembargador determina que os cinco envolvidos deverão usar tornozeleiras eletrônicas. O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, no entanto, decidiu que os presos comprovem ocupação lícita e que a Secretaria estadual de Adminsitração Penitenciária forneça tornozeleiras eletrônicas antes de soltá-los. Enquanto isso não acontecer, os presos na operação com curso superior podem ir para Bangu 8.

A defesa de Cachoeira disse que já apresentou o diploma do cliente. O advogado Kleber Lopes disse ainda que vai entrar com habeas corpus no plantão judiciário, o que deve ser feito por outros advogados dos presos:

— Ele não pode ficar preso porque não tem culpa de o estado não ter tornozeleira eletrônica — disse o advogado de Cachoeira.

A defesa de Cavendish também entrou com habeas corpus no plantão judiciário para que o cliente possa ir para casa, mas a medida foi negada. Os advogados tentam agora que o pedido seja aceito na segunda instância.

Cavendish foi preso quando retornou ao Rio, na madrugada deste sábado. Quando a Operador Saqueador foi deflagrada, na última-quinta-feira, policiais federais foram até o apartamento de Cavendish, no Leblon, mas ele não foi encontrado porque estava na Europa. Ele viajou no dia 22 de junho.

Em nota, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Rio informou que ainda não recebeu o pedido para a soltura dos presos na Operação Saqueador, mas, no momento, não possui tornozeleiras eletrônicas para serem colocadas neles.

“A Seap informa ainda que eles podem ir para prisão domiciliar sem tornozeleira, desde que o juiz autorize.A Seap esclarece que vem se esforçando para honrar seu compromisso junto ao fornecedor para que a entrega e manutenção das tornozeleiras sejam normalizadas”, diz a nota.

O MPF ofereceu denúncia contra Cavendish, Cachoeira, Adir Assad e mais 20 pessoas por envolvimento no esquema de lavagem de verbas públicas. A denúncia foi aceita pela Justiça do Rio. De acordo com o procurador da República Leandro Mitidieri, cerca de R$ 370 milhões foram desviados de obras públicas feitas pela Delta e lavados por meio de 18 empresas de fachada, criadas por Cachoeira, Assad e Marcelo Abbud, que também foi preso. Depois, o dinheiro era sacado em espécie e distribuído a agentes públicos, dificultando o rastreamento. Abbud e o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste e Distrito Federal Claudio Abreu também foram beneficiado pela decisão do desembargador e vão para a prisão domiciliar.