Cotidiano

Cascavelenses marcham em apoio à paralisação

Uma semana desde o início da greve dos caminhoneiros, apoiada por outros setores da sociedade, e o retrato de parte deste fim de semana em Cascavel foi de ruas e avenidas ainda menos movimentadas que o habitual, certamente porque os motoristas estavam poupando combustível, os postos se mantêm com correntes e cartazes indicando que a cidade está completamente desabastecida de combustíveis, revendas de gás de cozinha de portas fechadas, supermercados menos frequentados que o habitual e alguns produtos perecíveis em falta.

Mas este cenário se inverteu ontem na parte da tarde. Por volta das 16h, uma verdadeira multidão foi caminhando, de bicicleta, de carro, de moto e até a cavalo até o trevo Cataratas, no entroncamento das BRs 277, 369 e 467, onde está a concentração de um grupo de caminhoneiros desde segunda-feira passada. O grupo foi dar apoio aos manifestantes. Ficou um tempo naquele local e depois se dirigiu à região central da cidade e para frente do Exército em Cascavel. Com bandeiras do Brasil, com buzinaço e gritos de palavras de ordem e ao som do hino nacional, o protesto ganhou novo reforço e apoio.

Pontos de protesto

Isso significa que nas estradas do Paraná o ritmo de protesto é o mesmo da semana passada. Em Cascavel são dois pontos de manifestação, na BR-277 e na PR-486, no trevo da Ceasa. O segmento garante que não vai arredar o pé dos pontos de mobilização, ao menos não até que suas reivindicações sejam atendidas pelo governo federal. Segundo eles, apensa parte da categoria fechou posição com as medidas anunciadas pelo governo, mas que algumas destas entidades não os representam.

No sábado o balanço da Polícia Rodoviária Estadual e da Polícia Rodoviária Estadual indicava mais de 250 pontos de protesto em todo o estado, uma pequena parte deles contava com algum tipo de bloqueio, a maioria parcial, apenas para caminhões. Ontem não foram informados os locais de manifestação pelo estado, mas os poucos veículos de carga que passavam por pontos de protesto eram os escoltados pela PRF. Carros de passeio, ônibus, ambulâncias e cargas com materiais à saúde, ração e cargas vivas não são mantidos nos piquetes.

Falta de produto

Em uma das maiores redes de supermercados de Cascavel a famosa maionese de batatas de domingo vendida pronta como acompanhar o churrasco foi simplesmente tirada do cardápio: o motivo, o preço elevado do tubérculo, além da escassez do próprio produto que já não pode mais ser encontrado na maioria dos pontos comerciais. Onde ela está disponível os preços estão nas alturas, mais de R$ 8 o quilo. A cebola acompanha este mesmo ritmo e chegava ontem aos R$ 7,99 com a qualidade bastante comprometida. O litro do leite está bem próximo dos R$ 3 e a tendência é para que ele aumente no decorrer desta semana, caso a paralisação siga e as unidades voltem a ficar abastecidas.

Já na feira do produtor os consumidores garantiram a salada fresca e nos preços habituais, um alívio para quem vem sem explorado neste período de escassez de produtos.

O dia que o transporte parou

A maior alteração observada em Cascavel em virtude da greve, que entra hoje no oitavo dia, foram os terminais de transbordo completamente vazios. Não era para menos, os ônibus do transporte coletivo no município simplesmente não circularam neste domingo em horário nenhum. “Eu saí lá do jardim Itália e tive que vir a pé porque trabalho no centro. Duo mesmo vai ser voltar à noite, às 23h”, conta o auxiliar de serviços gerais Antônio Carlos de Souza. A pé, de bicicleta, meios de transportes alternativos foram o que sobrou para quem precisava mesmo sair de casa neste domingo. Os ônibus pararam de circular ainda às 14h do último sábado e só voltam para as ruas hoje, mesmo assim com horários reduzidos: das 6h às 8h30; 11h30 às 14h e das 17h às 19h.

Programação cancelada

Ontem até o já tradicional "Domingão-Calçadão-Fechadão" foi cancelado. Assim o trânsito na Avenida Brasil entre as ruas Sete de Setembro e a Carlos Gomes, trecho que todos os domingos fica fechado para veículos, ficou liberado para os carros. O aeroporto municipal de Cascavel opera normalmente uma vez que o abastecimento de combustível ali opera normalmente.