A junção de meninos e meninas vítimas de violência ou em situação de risco social em um mesmo espaço trouxe bons resultados, de acordo com a Secretaria de Assistência Social de Cascavel. “A iniciativa de juntar os dois públicos em um mesmo espaço, que era adotada em outros municípios, trouxe uma diminuição significativa na evasão, ou seja, de adolescentes que deixam o abrigo. O principal motivo que pode ter causado isso é o fato de a própria estrutura de educadores também ser mista e isso traz uma sensação maior de família para os jovens, assim como a convivência entre eles. Muitos deles, por conta da violência sofrida, não têm referência de família, com pai e mãe, e essa nova formatação dá ao menos uma referência dessa estrutura”, explica o secretário Hudson Moreschi.
A unificação aconteceu em março deste ano e, de acordo com a Secretaria, o número de evasão caiu de seis (registradas em fevereiro) para uma evasão em março, já após a unificação.
Confusão
Já quem mora perto do abrigo não gostou da mudança. Moradores reclamam que os adolescentes saem do local e que muitas vezes, ao retonar, principalmente à noite, reúnem-se em frente ao local e até brigas são registradas, o que atrapalha o sossego. Na noite do último domingo, a situação durou cerca de 20 minutos. Vizinhos afirmam que quando o local abrigava apenas meninas, a situação era tranquila.
Outra vizinha conta que os adolescentes pulam o muro para encontrar colegas e saem do local normalmente.
O secretário Hudson disse que a entrada e a saída dos adolescentes não podem ser impedidas. “A casa não é uma prisão. Não podemos impedir os adolescentes de saírem dali. Uma equipe da secretaria esteve no local hoje [ontem] e confirmou as queixas da vizinhança. Já tivemos uma conversa com os educadores sociais do local para tentar controlar a situação, organizando as saídas e as entradas, aperfeiçoando o fluxo e diminuindo os problemas”, garantiu o secretário.
Como funciona
A unificação dos públicos masculino e feminino no local é parcial. Os espaços comuns como cozinha e sala são compartilhados, mas os quartos e os banheiros são separados e não há possibilidade de contato entre os adolescentes.
Atualmente são 16 acolhidos, oito meninas e oito meninos, com idade entre 12 e 17 anos. Todos são vítimas de algum tipo de violência ou negligência por parte da família e quem determina o afastamento do adolescente da família e o envio dele para a casa abrigo é o Ministério Público.