RIO – Como o uso do LIDAR ainda é proibitivamente caro, o Autopilot da Tesla partiu para uma solução alternativa: usar câmeras e um pequeno radar dianteiro. ?Acho que é possível resolver tudo sem termos que apelar para o LIDAR. Não sou fã desse dispositivo e não acho que faça sentido no contexto atual?, disse Elon Musk numa conferência realizada em outubro.
Montada no retrovisor interno do automóvel, a câmera é produzida pela Mobileye. A partir de imagens em 2D, tenta ?enxergar? o mundo em 3D.
Na ânsia de ser pioneiro, Musk passou a usar esse sistema nos sedãs Model S, em outubro do ano passado, transformando-os em carros semi-autônomos.
O empresário decidiu liberar seu Autopilot ao público em ?fase beta? de desenvolvimento. Ou seja: quando o software já é considerado completo mas ainda pode trazer bugs ? são os usuários que ajudam a testá-lo.
Um desses consumidores-colaboradores era o finado Joshua Brown. Ele era um fã da Tesla (dizia que o Model S era o melhor carro que já tinha tido) e postava vídeos no Youtube mostrando as qualidades do carro ? em abril, subiu imagens mostrando como o Autopilot evitou que seu carro fosse atingido após levar uma fechada de um caminhão.
AUTÔNOMO, ?PERO NO MUCHO?
Quando um motorista ativa o Autopilot, uma tela no painel lembra: ?este é um recurso auxiliar que requer manter as mãos no volante todo o tempo. Esteja preparado para assumir o controle a qualquer momento?. Outra mensagem diz: ?você precisa manter o controle e a responsabilidade sobre seu veículo ao usá-lo?.
Além disso, o sistema também faz verificações frequentes para se assegurar de que as mãos do motorista permanecem no volante, e fornece alertas visuais e sonoros se isso não for detectado. Em seguida, gradualmente desacelera o carro até que as mãos sejam postas no volante novamente.
Mas quem consegue se manter alerta quando o carro está fazendo quase tudo sozinho? E quem resistirá a passar o tempo teclando com amigos ou vendo um filme (como parece ter sido o caso de Brown)?
Mesmo antes do acidente, pipocavam na internet videos como o que mostra o ?motorista? dormindo ao volante enquanto seu Tesla se move só, no moroso para-e-anda de um engarrafamento.
Com acidentes ou não, os autônomos deverão, em poucos anos, tornar os carros comuns tão obsoletos quanto os cavalos. Dirigi-los, só longe de vias públicas e por lazer. Musk imagina que, em 20 ou 25 anos, a maior parte da frota mundial andará sozinha. E tal expansão se dará, justamente, por causa da segurança: estima-se que 94% dos acidentes fatais nos EUA ocorrem por falha humana (são 30 mil mortes por ano).
Segundo as estatísticas do NHTSA, uma pessoa morre a cada 150 milhões de quilômetros percorridos por veículos convencionais nos Estados Unidos. Segundo a Tesla, o acidente no dia 7 de maio foi a primeira fatalidade em 210 milhões de quilômetros percorridas com o Autopilot.
A julgar pela amostra, um carro ainda é mais seguro quando dirigido por uma máquina do que por humanos.