Cotidiano

Cármen Lúcia elogia Grace Mendonça, da AGU, e diz que sofre preconceito de gênero

61735184_BRASIL - Brasília - BSB - PA - 22-09-2016 - PA - Sessão do Supre.jpgBRASÍLIA ? A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, elogiou nesta sexta-feira a advogada-geral da União, Grace Mendonça, a primeira mulher a assumir o cargo. Para a ministra, a nomeação foi justa, porque Grace sempre atuou bem em grandes causas no tribunal em substituição ao titular do cargo, em gestões anteriores. Recentemente, Grace sofreu críticas após a revelação de que era filiada ao PSDB. Cármen Lúcia voltou a dizer que sofre preconceito de gênero, mesmo tendo alcançado o mais alto posto do Judiciário.

? É a primeira vez que nós temos uma advogada-geral da União, no entanto, todos já viram a Grace nos últimos 16 anos assumir todas as grandes causas. É bacana ver isso, que ela chegou por mérito. Antes não tinha, porque até a década de 1950 era raro ter uma mulher numa faculdade de direito. Depois, nós chegamos na medicina e no direito, mas só a certos campos. Espera-se que a mulher médica seja obstetra, ginecologista, pediatra… Ela está chegando a campos como a cardiologia agora. No direito também. Era muito difícil ver uma criminalista, hoje tem. É um avanço que, eu acho, talvez esteja atrasado para nós ? avaliou.

Na primeira semana como presidente do STF, Cármen Lúcia fez discurso de gênero em plenário. Ela ressaltou hoje que as mulheres ainda sofrem preconceito. A ministra disse que passa por situações de preconceito nas ruas, mas afirmou que nunca sofreu esse tipo de discriminação pelos colegas do STF.

? No carro, quando a gente para no sinal, o outro te olha e diz: ?Ê, dona Maria, só porque estava amarelo a senhora parou!? O preconceito passa pelo olhar às vezes. O preconceito na sociedade contra a mulher tem, isso é um fato. Mas mudou, já melhorou muito em relação ao que já foi ? afirmou.

A ministra contou que, quando dava aula de Direito na PUC, era a única mulher a lecionar Direito Constitucional. E que, quando disputou uma vaga para professora titular, um dos candidatos se recusou a fazer o concurso, porque não queria disputar com mulher. Cármen Lúcia também lembrou que, quando foi procuradora-geral de Minas Gerais, um procurador se revoltou e disse que não se submeteria a comando feminino.

? O preconceito contra a mulher na sociedade ainda é muito forte, e eu acho que é uma pena. As duas visões de mundo, feminina e masculina, se completam muito ? declarou.