LISBOA ? Milhares de portugueses de luto se despediam nesta segunda-feira de Mario Soares, considerado o ?pai da democracia?, cujo caixão percorreu as principais ruas de Lisboa sob os aplausos da multidão.
O carro fúnebre saiu pela manhã da casa da família, diante da qual muitos cidadãos colocaram rosas vermelhas, símbolo do Partido Socialista que ele fundou em Portugal em 1973.
? Mario Soares entrará para a História por sua luta pela liberdade e democracia. Devemos agradecer a ele e seguir seu exemplo ? afirmou Gonçalo Garcia, um estudante de 16 anos que se dirigiu ao local.
O ex-presidente, que morreu no sábado aos 92 anos, deve ser sepultado na tarde de terça-feira no cemitério de Prazeres, no oeste da capital, onde já descansa sua mulher Maria Barroso, falecida em julho de 2015.
? Foi um grande socialista, que merece toda a nossa admiração por tudo o que fez pela liberdade em Portugal e na Europa ? afirmava com uma rosa na mão Eugenia Manso, aposentada de 61 anos.
Escoltado por 30 motos da Guarda Nacional, o cortejo se dirigiu à prefeitura de Lisboa, antes de continuar seu percurso até o emblemático Mosteiro dos Jerônimos.
Em seu claustro, Soares, na época primeiro-ministro, assinou no dia 12 de junho de 1985 o tratado de entrada de Portugal à Comunidade Econômica Europeia, antecessora da União Europeia.
Os restos mortais do ex-chefe de Estado devem permanecer ali em uma capela ardente até a meia-noite para que os portugueses se despeçam de um político que deixou uma marca profunda na História do país.
LUTO NACIONAL
O governo socialista português decretou três dias de luto nacional a partir desta segunda-feira e convocou todos os cidadãos a prestar homenagem a esta ?grande figura da história portuguesa contemporânea?.
? Soares será lembrado por ter dirigido a oposição republicana à ditadura de Salazar e ter protagonizado a transição à democracia ? explica à AFP o cientista político Antonio Costa Pinto.
Teve um papel particularmente decisivo após a Revolução dos Cravos de 1974, que colocou fim a 48 anos de ditadura, quando impediu as tentativas de militares próximos ao Partido Comunista de tomar o poder.
A emoção provocada pela morte de Soares transcendeu as desavenças políticas no país.
O líder da oposição de centro-direita, Pedro Passos Coelho, expressou no domingo seu profundo respeito pelo fundador do Partido Socialista e seu papel na chegada da democracia? a Portugal.
A morte do ex-chefe de Estado português também deu lugar a homenagens emocionadas em todo o mundo.