Cotidiano

Brasileira relata falta de controle de armas em universidade de Ohio

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RIO e COLUMBUS – Uma brasileira do interior paulista testemunha o dia de medo e tensão para uma das maiores universidades dos EUA. De São José do Rio Preto, Clara Zanirato é professora de português e espanhol e aluna de pós-graduação em estudos lusófonos na Universidade de Ohio, em Columbus, onde nove pessoas ficaram feridas em um ataque armado nesta segunda-feira. Ela conta que o clima é de alerta e, sobretudo, de incerteza, uma vez que ainda não estão claras a ordem dos fatos e a motivação do crime. E também diz que, mesmo com alertas de segurança frequentes, a universidade tem problemas em garantir que ninguém chegue aos arredores da instituição com armas. A polícia investiga se esta poderia ser uma ação terrorista, depois de ter matado um suspeito.

Clara relatou ao GLOBO que mora a apenas quatro quarteirões da universidade. Mas, felizmente, conseguiu ser informada do perigo antes de sair de casa para mais um dia de estudos na instituição

? Hoje e manhã, lá pelas 09h50, recebemos uma mensagem porque a universidade tem um sistema de alerta rápido. Eles pediam que não fossemos para a faculdade, ficassemos em casa e, se necessário, nos escondessemos. As aulas foram canceladas e a gente ainda está em alerta

Mais tarde, autoridades explicaram que um suspeito usou um carro para colidir com pedestres na frente da faculdade. E, em seguida, atacou pessoas que estavam no local com uma faca de açougueiro. Uma testemunha disse que o suspeito dirigia uma caminhonete vermelha. O incidente foi declarado como um tiroteio, mas não estava claro se havia feridos por armas de fogo.

Segundo Clara, os relatos na comunidade da Universidade de Ohio são de que tudo começou com um alarme de incêndio que foi disparado dentro da instituição. E, quando as pessoas saíram para se proteger de eventuais chamas, foram atropeladas pelo veículo de dois criminosos. Os alunos e professores não sabem ainda se os acontecimentos têm alguma relação entre si, de acordo com a brasileira.

Oficialmente, ainda não está claro se um ou dois homens conduziram o ataque. A polícia diz que matou um suspeito em menos de um minuto, contendo a ameaça no local.

? Chegamos e encerramos a situação em menos de um minuto. Acabamos com a ameaça – explicou um policial local.

Enquanto aguarda notícias dos seus alunos, para saber se todos estão bem, Clara relata que a sensação de insegurança é um problema para quem frequenta a instituição, que é a mais antiga do estado e tem cerca de 58.600 estudantes em seu campus principal. Há dois anos e meio lá, ela diz que as ameaças são uma realidade já conhecida dos estudantes. E, ainda, cita o fácil acesso a armas no país e a falta de fiscalização nos campi como um fator que provoca apreensão para os estudantes que se mudam para os EUA.

– Todo ano tem um alerta desses, maior ou menos. Esse foi um dos maiores que a gente já teve. Tenho vários colegas que ficaram em barricadas dentro da sala de aula com os alunos. O clima está bem tenso – diz. Tecnicamente, qualquer um pode comprar armas aqui, mesmo sem registro. Então a gente fica preocupado. E mesmo no campus, onde é proibido entrar com armas, não tem ninguém que fiscaliza isso.

O governador de Ohio, John Kasich, escreveu no Twitter que estava orando pelas pessoas no campus, e pediu que elas “ficassem seguras” e “ouvissem os primeiros socorros”. Kasich também adiou uma aparição pública planejada para a tarde desta segunda-feira.