O Brasil tem 42 milhões de pessoas que não enxergam bem, o que representa 21% da nossa população. Levando em consideração que a população está envelhecendo e que depois dos 40 anos cerca de 90% das pessoas têm presbiopia (dificuldade para enxergar de perto), falar sobre opções de tratamento é questão de saúde pública. Ainda mais levando em conta que o perfil do “idoso” de hoje é bem mais ativo que num passado próximo.
De acordo com Paulo Ricardo de Oliveira, vice-presidente da Soblec (Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria), no Brasil a principal prescrição para a correção óptica da presbiopia ainda são os óculos. “Mas um universo muito grande de pacientes poderia se beneficiar das vantagens que as lentes de contato têm em relação aos demais tratamentos da presbiopia”, aponta o oftalmologista.
“A população acima dos 40 anos de idade cresce rapidamente e logo todos vão precisar de correção para a presbiopia. O que é preciso levar em consideração é que os presbitas de hoje são indivíduos muito mais ativos, dinâmicos e preocupados com a estética. Elas não querem usar óculos, elas querem autonomia, mas muitos ainda desconhecem as vantagens das lentes de contato atuais”, afirma a médica Izabela Godinho.
Segundo a médica Tania Schaefer, além de mais prática e segura, a lente de contato é a indicação com o melhor custo benefício relacionada à correção da presbiopia: “No consultório percebemos que o perfil do paciente mudou. Eles querem reduzir a dependência dos óculos, aumentar a liberdade e mobilidade, e com isso ter mais qualidade de vida. Por isso é tão importante que os oftalmologistas conheçam as novas tecnologias, para indicar as lentes de contato considerando o perfil, o estilo de vida e os benefícios que elas podem trazer para cada paciente”.
Números da presbiopia
Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2012 havia 1,8 bilhão de portadores de presbiopia no mundo. A estimativa é de que, em 2020, a população mundial será formada por 35% de présbitas, ou seja, 2,3 bilhões de pessoas. No Brasil, segundo dados do IBGE, 90% da população tem entre 45 e 70 anos, o que perfaz um número de 38 milhões de pessoas com dificuldade para enxergar de perto. Desse número, pelo menos 85%, ou 32,3 milhões são compatíveis para o uso de lentes de contato, mas apenas 100 mil são usuários de lentes de contato multifocais.
Verão pede mais atenção com a visão
De agora até o fim de março, dias de sol prometem fazer a alegria de quem pode aproveitar o período para descansar, tirar férias e se divertir. Quem faz parte desse grupo pode acordar, comer e dormir quando bem quiser. Mas é preciso estar atento aos hábitos que podem arruinar a saúde, principalmente a visão.
O médico oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, aponta cinco erros mais comuns que podem pôr os olhos em risco:
* Levar as crianças para brincar em tanques de areia. “Tanques de areia não tratada representam sempre um risco a mais para crianças, já que muitas costumam levar a mão aos olhos automaticamente enquanto brincam. Por isso, pais ou responsáveis devem procurar oferecer um tipo de distração mais seguro e ainda redobrar a higienização das mãos dos pequenos. Normalmente, esses tanques de areia estão contaminados por fezes ou urina de animais, podendo causar infecções oculares e outras várias doenças”.
* Nadar em piscinas públicas ou em locais com água não tratada. “A água do mar ou ainda de piscinas de hotéis e clubes bastante frequentados no verão representa um grande risco para a visão. Trata-se de um jeito fácil de contrair conjuntivite, por exemplo – doença que deixa os olhos bastante avermelhados e as pálpebras chegam a grudar durante a noite, dificultando abrir os olhos pela manhã. Vale ressaltar que piscinas com cloro em excesso também comprometem a saúde ocular. Por isso, é fundamental escolher bem o lugar em que se vai mergulhar”.
* Dormir com lentes de contato. “Por mais cansada que a pessoa esteja depois de um dia intenso, é preciso tirar as lentes de contato e garantir um mínimo de asseio antes de ir para a cama. Isto porque, durante o sono, o nível de lubrificação dos olhos diminui bastante e as lentes podem ressecar junto com o globo ocular – desencadeando uma série de problemas. Além de usar os produtos de limpeza recomendados pelo fabricante das lentes, é fundamental checar se não há resíduos sólidos ou irregularidades nas lentes. Mesmo sujeiras quase imperceptíveis podem resultar no desenvolvimento de fungos, levando à inutilização do produto e podendo desencadear infecções”.
* Negligenciar o uso de óculos de sol. “A exposição aos altos índices de raios ultravioletas provoca degeneração macular – doença que afeta a parte central da retina, membrana posterior dos olhos onde as imagens são transmitidas para o nervo óptico. Como não existe tratamento eficaz para alterações retinianas, a prevenção ainda é o melhor remédio. Daí a importância de investir em óculos de sol de boa procedência, com proteção UVA e UVB nas lentes, e jamais cair na tentação de comprar modelos de origem duvidosa – já que a irregularidade das lentes pode causar desconforto visual, dor de cabeça e astigmatismo”.
* Compartilhar objetos de uso pessoal em viagens. “As viagens aproximam pessoas e muita gente acaba compartilhando objetos de uso pessoal durante o tempo em que estão juntas. No geral, isso já é um erro. Com relação à visão, é ainda pior – principalmente quando se trata de toalhas de rosto e maquiagem. Sempre que alguém usa batom ou rímel, por exemplo, está potencialmente introduzindo germes no produto. Ou seja, quanto mais gente usar aquele item de maquiagem, maiores são as chances de disseminar uma doença. Como as membranas mucosas são mais suscetíveis a contrair uma infecção, a maquiagem para boca e olhos jamais deveria ser compartilhada. Novamente, o risco de contrair conjuntivite é grande, sendo a conjuntivite viral responsável por mais de 90% dos casos.”
Fonte: Renato Neves, médico oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos – www.eyecare.com.br