LONDRES A um dia do referendo histórico que irá definir o futuro do Reino Unido na União Europeia (UE), as campanhas contra e a favor da permanência do país no bloco concentram-se seus últimos esforços para conquistar o voto dos indecisos. Entre 9% e 13% dos britânicos, de acordo com várias pesquisas, ainda não escolheram que lado vão seguir. Com uma disputa acirrada e resultados não muito claros, o voto flutuante é crucial.
Com as pesquisas apontando uma pequena vantagem à permanência no Reino Unido, os dois lados apostam suas fichas no último dia da campanha, que será marcado pelo último grande tributo à deputada Jo Cox, pró-UE, que foi assassinada na quinta-feira passada por um homem que gritou lemas da extrema-direita durante o crime.
O primeiro-ministro britânico, o conservador David Cameron, cuja aposta pessoal ao convocar o referendo e defender a UE pode custar seu cargo em caso de derrota, recordou mais uma vez que a decisão será irreversível, em uma entrevista à BBC.
Não há volta atrás se votarmos pela saída. É uma decisão irreversível disse Cameron, antes de rebater um dos principais argumentos dos partidários do Brexit, como é conhecida a opção de saída britânica da UE: A ideia de que não somos independentes não é certa.
Cameron recorreu mais uma vez ao tom de Winston Churchill que dominou seus últimos discursos, em um movimento direcionado às gerações mais idosas e com tendência maior de votar pela saída.
Sou profundamente patriótico, não nos invadiram nos últimos 1.000 anos, temos instituições que nos prestam um bom serviço afirmou, antes de prometer oposição a qualquer tentativa de avanço para a construção dos Estados Unidos da Europa.
No lado do Brexit, o ex-prefeito de Londres Boris Johnson iniciou a quarta-feira em um mercado da capital britânica, em um último dia de campanha intenso para convencer os indecisos, que segundo as pesquisas alcançam 10%.
Estamos nas últimas 24 horas. É um momento crucial, muitas pessoas estão tomando sua decisão, e espero que acreditem em seu país, que acreditem no que fazemos disse no mercado de peixes de Billingsgate.
O líder trabalhista Jeremy Corbyn vai protagonizar o último grande comício de seu partido a favor da UE.
Mais de cem personalidades dos dois lados se reunirão em um estúdio do Channel 4 durante a noite para discutir sobre o referendo.
Entre os participantes estará o líder do Partido para a Independência do Reino Unido (UKIP), Nigel Farage, cuja oposição feroz à imigração foi relacionada ao assassinato da deputada Jo Cox.
A morte da deputada trabalhista freou o avanço do Brexit nas pesquisas. Seu marido Darren Cox afirmou na terça-feira à BBC que ela foi assassinada por suas posições políticas.
Nesta quarta-feira, Jo Cox completaria 42 anos. Uma procissão percorrerá o Tâmisa em sua homenagem e um ato em sua memória será organizado em Trafalgar Square, praça no centro de Londres.