RIO ? A indústria chinesa de vinhos está em franca expansão. O país é o maior consumidor de vinho tinto do mundo e possui mais vinhedos que a França, ficando atrás apenas da Espanha. Em busca da bebida perfeita, o cultivo se expandiu para o planalto tibetano e o deserto de Gobi, e agora mira o espaço. Na carga do Tiangong-2, segundo laboratório espacial chinês lançada na semana passada, estavam videiras de cabernet sauvignon, merlot e pinot noir.
?Os cientistas chineses esperam que o cultivo das videiras no espaço possa disparar mutações que as tornem mais adaptadas ao clima severo em algumas regiões onde a produção está emergindo?, informa o site DecanterChina.com, especializado na indústria local de vinhos.
Clima congelante e solo desfavorável estão entre os desafios que os produtores chineses enfrentam em regiões como Ningxia, coração da indústria local de vinhos, mas que enfrenta temperaturas de até -25 graus Celsius durante o inverno. De acordo com o site chinês, os pesquisadores esperam que a exposição das amostras à ?radiação espacial? possa disparar mudanças genéticas que ajudem as plantas desenvolverem ?novas resistências ao frio, seca e vírus?.
As videiras enviadas ao espaço foram coletadas de plantações em Ningxia, reconhecida pela produção dos vinhos de mais alta qualidade do país. Em outubro, dois taikonautas ? como são conhecidos os astronautas chineses ? serão enviados ao Tiangong-2 para a realização de pesquisas pelo período de 30 dias. Depois disso, as videiras voltarão à Terra e serão comparadas com um grupo de controle, em busca das melhores mutações.
O Tiangong-2 tem 10,4 metros de comprimento, com 3,35 metros de diâmetro, e simboliza uma vitória do programa espacial chinês, que é visto por especialistas como o grande rival dos EUA na nova corrida espacial. De acordo com a imprensa estatal chinesa, os astronautas a bordo da estação irão conduzir experimentos relacionados a ?reparo de equipamentos em órbita, medicina aeroespacial, física e biologia espacial, assim como distribuição de chaves quânticas, relógios atômicos espaciais e pesquisas sobre tempestades solares?.
? O número de experimentos conduzidos no Tiangong-2 será maior que em qualquer missão tripulada até agora ? disse Lyu Congmin, da Academia Chinesa de Ciências.