Cotidiano

Ato neste domingo cobra respostas que expliquem queda de ciclovia

Claudia Medeiros vivia insistindo com a filha Bruna, de 18 anos, para que ela pedalasse na ciclovia Tim Maia, ao longo da Avenida Niemeyer, que liga os bairros do Leblon e de São Conrado. Quando um trecho de 20 metros da pista desabou, no feriado de 21 de abril, o seu coração congelou. Diante da angústia de imaginar que a menina poderia ter sido uma das vítimas da tragédia, Claudia conversou com o amigo Roberto Henrique Goes, e nasceu o movimento ?Não vamos esquecer?, liderado pelos dois, que criaram uma página no Facebook. Através da rede social, o movimento está convocando um ato pacífico para este domingo, às 11h, no Mirante do Leblon.

? Nosso medo é que, com o passar do tempo, o desabamento acabe no esquecimento. Queremos respostas, explicações para o que aconteceu. Não vamos evoluir como sociedade se não tivermos respostas.

Os organizadores pedem aos manifestantes para se vestir de preto. ?Neste domingo mostraremos que segurança, respeito, dignidade e vidas não podem mais ir por água abaixo?, diz a página do movimento no Facebook. E acrescenta: ?Queremos cobrar, queremos saber tudo o que está acontecendo, acompanhar e ouvir. É nosso dever e nosso direito como cidadãos?.

O acidente ocorreu pouco mais de três meses após a Ciclovia Tim Maia ser aberta ao público ? a pista foi inaugurada em 17 de janeiro e custou R$ 44 milhões. No desabamento, na altura da Gruta da Imprensa, morreram o engenheiro Eduardo Marinho Albuquerque, de 54 anos, e o gari Ronaldo Severino da Silva, de 60 anos.

A 15ª DP (Gávea) está em fase final de conclusão do inquérito policial. O Ministério Público também instaurou inquérito. Já a Coppe/UFRJ e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do RJ (Crea-RJ) estão produzindo laudos sobre o acidente.

Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), no entanto, concluíram que o trecho caiu porque a pista não era fixada nos pilares, ficando apenas apoiada sobre eles. Também confirmaram que o projeto da obra só tinha estudos sobre o impacto das ondas nos pilares e não sobre o tabuleiro. Segundo o laudo preliminar divulgado, uma onda bateu na murada da Gruta da Imprensa, no costão da Avenida Niemeyer, ganhou força e subiu, levantando a pista. O laudo final do ICCE ainda não ficou pronto.

Desde terça-feira, por decisão do juiz Marcelo Martins Evaristo da Silva, da Central de Assessoramento Fazendário do Tribunal de Justiça do Rio, a prefeitura está autorizada a reabrir parcialmente a Ciclovia Tim Maia, no trecho entre a Praia do Leblon e o Vidigal. O juiz modificou liminar que interditava toda a ciclovia ? concedida na sexta-feira, dia 6 ?, depois de analisar documento da Geo-Rio, o qual atesta que, entre o Leblon e o Vidigal, não há riscos de desabamento.