WASHINGTON ? O republicano Donald Trump descartou neste sábado a possibilidade de deixar a corrida presidencial americana depois de ter perdido o apoio de membros do seu partido. O magnata está sendo duramente criticado pelas suas declarações de tom sexual em linguagem vulgar, que vieram à tona quando um áudio gravado em 2005 foi vazado pelo “Washington Post”. Desde então, republicanos pediram que ele desistisse da disputa para chefiar a Casa Branca a um mês das eleições de 8 de novembro.
Já repleto de histórias controversas envolvendo modelos, o magnata se gaba, em linguagem vulgar, de beijar, apalpar e tentar fazer sexo com mulheres, mesmo casadas, no áudio. Rapidamente, o vazamento gerou uma onda de críticas ao candidato.
Mas, ainda assim, três senadores republicanos anunciaram formalmente que não votarão no magnata depois do escândalo. E a sua ex-rival na disputa, Carly Fiorina, pediu que ele se retirasse da corrida. Nunca um grande partido americano substituiu seu candidato presidencial tão perto das eleições.
A direção de seu partido também fez críticas após a divulgação do áudio. “Nenhuma mulher deve ser descrita nestes termos ou ser alvo de comentários desta maneira. Nunca”, criticou duramente o presidente do Comitê Nacional Republicano, Reince Priebus.
O presidente da Câmara dos Representantes, Paul Ryan, disse que Trump objetificou as mulheres e, em resposta, decidiu abandonar um evento de campanha do candidato no Wisconsin, no sábado.
Figuras de alto escalão no partido, como o ex-candidato presidencial Mitt Romney, atacaram o magnata: “Dar em cima de mulheres casadas? Minimizar agressão? Essas degradações vis diminuem nossas mulheres e filhas e corrompem a imagem dos EUA para o mundo”, criticou pelo Twitter.
O ex-senador Mike Kirk pediu para o partido substitui-lo. O ex-governador do Utah e ex-embaixador Jon Huntsman, disse que “chegou a hora de (Mike) Pence liderar a chapa”, pedindo que o candidato a vice do magnata assuma a função no lugar dele. Huntsman defendera o voto em Trump uma semana antes.
Até o senador Ted Cruz, que recentemente deu apoio a Trump após ser derrotado por ele nas primárias republicanas, foi duro. “Estes comentários são perturbadores e inapropriados, e não há desculpa para eles. Toda mulher, mãe, filha – toda pessoa – deve ser tratada com dignidade e respeito”, disse em nota.
‘NÃO SOU PERFEITO’
Em uma tentativa de controlar os danos provocados pelo vazamento, Trump gravou uma mensagem de desculpas por vídeo, que foi divulgada pelas redes sociais. Ele argumentou que não é uma pessoa perfeita e o áudio, que já tem mais de dez anos, não reflete a pessoa que ele é.
– Eu estava errado e peço desculpas – disse o magnata, que divulgou a mensagem de arrependimento em um vídeo. – Nunca disse que era perfeito, nem pretendo ser uma pessoa diferente de quem eu sou. Me comprometo a ser um homem melhor amanhã, e não decepcioná-los jamais. trumpvideo
Trump ainda prometeu investir em ataques ao passado do marido da sua rival democrata, Hillary Clinton, Bill Clinton. Ele acusou o ex-presidente de tratar mal as mulheres, evocando nas entrelinhas o escândalo sexual em que Bill Clinton, então presidente, se envolveu ao ter um relacionamento extraconjugal. trump & mulheres
O candidato à Presidência dos EUA classificou a polêmica de distração eleitoral, uma vez que provocou uma onda de críticas na reta final da longa corrida à Casa Branca. Durante sua campanha, no entanto, ele se envolveu em uma série de polêmicas, em que foi acusado de xenofobia, machismo e racismo.