RIO ? Os grandes fluxos de água que circulam ao redor da Terra estão sendo alterados pelas mudanças climáticas, segundo um estudo publicado na última edição da revista “Scientific Reports”.
A equipe de pesquisadores, capitaneada por Michael Mann, da Universidade do Estado da Pensilvânia, afirma que o aquecimento global causado pelo homem retardou a maneira como fluem as correntes atmosféricas, o que é fundamental para determinar as condições meteorológicas. As consequências podem ser graves. Com a mudança haveria um aumento de eventos extremos, como secas severas, inundações e ondas de calor.
As correntes de jato são influenciadas pela diferença entre as temperaturas do Equador e do Ártico. Elas circundam pelo planeta, gerando o deslocamento de umidade e de massa quente e fria do Ártico para os trópicos.
Mas o aquecimento global, que é provocado pela emissão de gases de efeito estufa, está afetando este fluxo aéreo.
? A seca inédita de 2016 na Califórnia, a onda de calor de 2011 nos EUA e a inundação de 2010 no Paquistão figuram na série de extremos climáticos mais preocupantes ? alerta Mann. ? O aumento da incidência desses fenômenos excede aquilo que classificamos como efeitos diretos do aquecimento global. Deve haver um efeito adicional da mudança climática.
Analisando séries históricas de temperatura e observações de satélite, a equipe descobriu fenômenos que mostram mudanças extremas e persistentes no fluxo de jatos aéreos, que podem desencadear eventos climáticos extremos.
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Acreditava-se que a ação humana teria influência sobre estes fenômenos. Agora, a equipe ressalta que há uma “impressão digital clara”, confirmando aquela suspeita.
? Se o mesmo clima persistir por semanas em uma região, então os dias ensolarados podem se transformar em uma onda de calor grave e seca, ou chuvas duradouras podem levar a inundações – explica o coautor, Stefan Rahmstorf, do Instituto Potsdam de Pesquisas sobre o Impacto Climático (PIK). ? Isso ocorre sob condições específicas, que fazem as ondulações norte-sul da corrente de jato crescerem significativamente.
Como o Ártico se aquece mais rapidamente do que outras regiões, sua diferença de temperatura com o Equador está diminuindo.
Além disso, a superfície terrestre está se aquecendo mais rapidamente do que os oceanos, especialmente no verão.
Ambas as mudanças têm um impacto sobre os movimentos aéreos globais.
? Examinamos dezenas de modelos climáticos diferentes. Em quase 70% dos casos, vimos o vimos mais mudanças de temperatura nos momentos em que houve paralisação das correntes atmosféricas ? conta o coautor do estudo, Kai Kornhube, também da PIK.
