PARIS ? O secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), Ernesto Samper, afirmou nesta terça-feira, em Paris, que suas críticas ao processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff não impedem o trabalho conjunto com o governo interino de Michel Temer. Apesar de indicar que manterá o diálogo, Samper ressaltou que é preciso respeitar o direito de defesa de Dilma.
? Esperamos que respeitem este direito de defesa (de Dilma) e, evidentemente, enquanto isso seguimos trabalhando com o governo interino ? declarou.
No último dia 12, data em que a petista foi afastada do cargo pelo Senado, o secretário-geral advertiu durante uma entrevista coletiva que o julgamento do processo contra Dilma poderia representar uma ruptura e expunha o Brasil à aplicação da cláusula democrática da Unasul, que contempla sanções aos países que se afastam da ordem constitucional.
ENCONTRO COM SERRA
Samper se reuniu nesta segunda-feira com o ministro da Relações Exteriores, José Serra. Após receber críticas da entidade há duas semanas, o ministério brasileiro respondeu com uma dura nota, na qual afirmava que os argumentos de Samper “além de errôneos, deixam transparecer juízos de valor infundados e preconceitos contra o Estado brasileiro e seus poderes constituídos”.
? Ontem tive a oportunidade de dialogar (…) com o chanceler Serra aqui mesmo em Paris. Foi um diálogo muito cordial e muito sincero sobre os pontos de vista de um lado e do outro ? disse o ex-presidente colombiano em uma entrevista à AFP, acrescentando:
? Mantemos em vigor nossa preocupação, que não tem outro objetivo que não seja garantir que o desenvolvimento e o desenlace deste episódio seja um desenlace democrático e ajustado ao Estado de direito brasileiro. Expressamos isso ao chanceler Serra e ele compartilha a necessidade de que este julgamento contra a presidente seja realizado dentro do rígido respeito à institucionalidade brasileira ? concluiu.