CIDADE DO MÉXICO A polícia e as Forças Armadas do México submetem as mulheres muitas vezes a práticas de tortura, incluindo violência sexual, para obter confissões durante os primeiros interrogatórios e detenções, denunciou a Anistia Internacional (AI) em um relatório divulgado nesta terça-feira.
A organização de direitos humanos baseou o relatório em entrevistas com cem detidas. Dessas, 72 foram abusadas sexualmente e 33 foram violadas, diz o documento, reforçando outros relatos e declarações de organizações privadas e das Nações Unidas que evidenciam a tortura como uma prática comum no México.
Os casos destas mulheres desenham uma cenário absolutamente chocante que reflete o nível de tortura sofrida pelas mulheres no México, mesmo para o que é habitual na região, disse Erika Guevara-Rosas, diretora para as Américas da Anistia Internacional, em um comunicado.
O México lançou uma ofensiva militar há uma década para combater os poderosos cartéis de drogas, o que levou a uma enxurrada de alegações de violações de direitos humanos, como tortura e execuções extrajudiciais.
A tortura é uma prática comum entre vários setores da polícia, muitos dos quais foram corrompidos pelo crime organizado.
As mulheres entrevistadas pela AI relataram estupro com pênis, objetos, armas de fogo e dedos, além de golpes no estômago, na cabeça e nos ouvidos, semiasfixia e choques elétricos nos órgãos genitais.
Tanto na estratégia de segurança empregada no México como na chamada guerra contra o narcotráfico, é frequente que as mulheres sejam presas durante detenções em grupo e acusadas de ser namoradas de criminosos e cúmplices de crimes, sem provas sólidas que respaldem as acusações, disse o relatório.
O documento também afirma que as denúncias de tortura não são adequadamente investigadas e os seus autores gozam de impunidade quase total, embora o Governo tenha criado vários mecanismos e instituições para abordar a questão.