BRASÍLIA – O presidente Michel Temer contemplou o PSDB no formato do Ministério, mas enfrenta problemas no próprio PMDB. Temer tem resistências dentro da própria base aliada para aprovar a reforma da Previdência, e elas são de peso. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), disse hoje nas redes sociais que a proposta apresentada para “exagerada”. Essa não é a primeira vez que Renan manda um recado ao Palácio do Planalto de que haverá resistências e de que a proposta precisa ser mudada. O próprio governo sabe disso e já discute alternativas com o relator da reforma da Previdência na Câmara, deputado Arthur Maia.
? Vamos fazer, claro, a reforma da Previdência. Os últimos presidentes da República fizeram as suas: Fernando Henrique, Lula, Dilma Rousseff. O presidente Michel Temer vai também ter que fazer a sua reforma. Mas essa proposta que foi mandada para o Congresso, como proposta, parece bastante exagerada ? disse Renan, em vídeo colocado no Twitter e no Instagram. Reforma previdência
O PMDB do Senado vive uma divisão sobre a proposta. Não é a primeira vez que Renan faz críticas. Ele saiu em defesa do ministro Moreira Franco quando ele disse que o partido não deveria fechar questão sobre a reforma e causou um mal-estar geral. O presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (PMDB-RR), desautorizou Moreira Franco por meio de nota, mas Renan saiu em sua defesa com uma nota de três linhas no Facebook, o que foi entendido dentro do Senado como um recado de que o Planalto teria problemas para votar a proposta sem recuos.
Nos bastidores, o governo sabe e já discute mudanças nas regras de transição do atual para o novo sistema. As regras são consideradas rígidas demais pelos aliados.
O cronograma da área econômica é correr e aprovar a proposta no primeiro semestre, porque no segundo a corrida eleitoral já toma conta dos parlamentares e do cenário politico. O Palácio do Planalto se dá por satisfeito se a reforma for aprovada até o final de 2017. E sabe que em 2018, ano eleitoral, isso não ocorrerá.
No Senado, o senador Paulo Paim (PT-RS) já conseguiu 30 assinaturas para pedir a abertura de uma CPI da Previdência. É uma forma de fazer oposição à reforma, já que Paim é contra a reforma. Mas na lista há parlamentares como Ana Amélia (PP-RS) e José Maranhão (PMDB-PB). Paim ainda não apresentou o pedido formal e quer ter a segurança de 35 assinaturas. Isso porque sabe que o governo deve conseguir convencer vários a retirar as assinaturas. São necessárias 27 para apresentar o requerimento.