A prisão do ex-governador Sergio Cabral pode ser o combustível que faltava para incendiar as manifestações contra os cortes propostos por seu sucessor Luiz Fernando Pezão e melar o ?pacote de maldades? enviado pelo Executivo à Assembléia Legislativa.
Os primeiros protestos no entorno do Palácio Tiradentes já foram quentes, com a invasão do plenário e confrontos entre policiais fardados (a serviço da ordem) e à paisana (a serviço da defesa dos seus interesses) em meio à discussão sobre aumento da contribuição previdenciária de servidores, corte de salários e fim de programas sociais.
Não é de hoje que parte do funcionalismo estadual (em particular) e da população (em geral) culpa Cabral pelas mazelas que levaram o estado à lona. Agora, a prisão do ex-governador, acusado de chefiar um esquema que arrecadou R$ 224 milhões em propina, deve levar mais gente às ruas.
Os últimos acontecimentos acenderam a luz amarela na mesa de Pezão. Não só pela prisão de Cabral, parceiro e padrinho político. Não só pela prisão de Hudson Braga, um fiel colaborador.
Segundo auxiliares, Pezão teme que o aumento da pressão popular convença os deputados estaduais que os responsáveis pela bancarrota do Estado do Rio são do grupo de Cabral. E que, por isso, é essa turma que deve pagar a conta.
Os responsáveis pela prisão de Cabral dizem que o grupo do ex-governador chamava propina de ?oxigênio?. Uma lembrança das aulas de química: oxigênio é indispensável ao fogo.