Cotidiano

Análise: os Titãs são 'highlanders'

Links TitãsRIO ? “Ah, sem o (preencha o espaço com letra de fôrma, pode ser Miklos, Charles, Nando, Arnaldo e até Ciro) é melhor os Titãs acabarem de vez”.

Desiste, amigo: os Titãs são highlanders, eles sobreviveram a todas essas perdas e mais à trágica morte de Marcelo Fromer, em 2001. É irônico que a banda que tinha integrantes “em excesso” agora tenha músicos de apoio, mas é assim a translação do Planeta Rock.

A reinvenção mais impressionante foi a última, quando Branco Mello e Paulo Miklos assumiram instrumentos que não tocavam profissionalmente (baixo e guitarra, respectivamente) e transformaram o outrora octeto num quinteto de rock coeso, quase punk, na fase encantada que começou com o premiadíssimo “Nheengatu”, um dos melhores discos de 2014. Agora, Beto Lee assume a guitarra ao lado de Tony Bellotto, e acompanhará o grupo, assim como o baterista Mário Favre, parceiro desde a saída de Charles Gavin. Não é a primeira vez que os Titãs atuam com músicos convidados: o guitarrista Emerson Villani tocou com eles após a morte de Fromer, e a lenda Lee Marcucci (Tutti Frutti, Rádio Táxi) assumiu o baixo após a saída de Nando Reis. Por onde andam os ex-Titãs

E que falta fará Paulo Miklos? Muita, claro. O Invasor usava na voz, nas composições e nas performances os múltiplos talentos que agora o levam a seguir um caminho diferente. É ele que se ouve em “Mensageiro da desgraça”, uma das melhores músicas de “Nheengatu”, um soco na cara que resume o conceito do disco; são dele as gaitas, saxofones e outros instrumentos metidos em arranjos dos Titãs ao longo dos anos. Fica com Branco e Britto a missão de cantar, entreter, escrever. Como os dois já exercitam seus lados fofinhos em outros projetos, a tendência é que se confirme uma sonoridade mais básicas dos Titãs, trilha que os meninos do Colégio Equipe seguem desde o malsucedido “Sacos plásticos”, de 2009.

Sem muito a provar e com um repertório de qualidade inesgotável no currículo, só o tempo dirá para onde seguirá a Titanomaquia. Afinal, como escreveu Nando Reis em “O mundo é bão, Sebastião” (ironicamente, pouco antes de sair), “Tão fortes, somos todos outros Titãs”.