RIO – Alunos da Escola Estadual Amaro Cavalcanti, no Largo do Machado, prometem continuar ocupando o colégio. No entanto, a partir da semana que vem, o movimento vai abrir as salas de aula para que as atividades sejam retomadas, como determinou uma decisão judicial na semana passada. Os alunos estimam, entretanto, que, por causa da greve, só um quinto dos professores apareçam para dar aula. Os aulões e oficinas típicas da ocupação, eles garantem, vão coexistir com as atividades regulares. Crise educação – 02/06
– A gente vai permanecer ocupando em conjunto com o trabalho da direção, já que nossas pautas não foram atendidas. A gente vai tentar manter as aulas. O diretor já veio aqui e a gente mantém contato. Na sexta-feira, eles (direção) vieram por causa do mandado judicial para fazer alguns acordos. Nosso objetivo é a educação, então a gente tem que deixar as aulas acontecerem. Estamos, inclusive, preparando a escola para a chegada dos alunos – diz Wictor Soares, aluno do 3º ano do Ensino Médio.
Nos finais de semana, o colégio recebe visita de moradores do bairro, que costumam fazer doações. Neste sábado, professores voluntários ajudavam os alunos a montarem uma horta. Ex-aluno da instituição, Gabriel Richard, de 18 anos, diz que dormiu todos os dias no colégio desde que a ocupação começou. Para ele, a desocupação só ocorre depois que as pautas forem atendidas – incluindo o reajuste e a retomada do calendário de pagamento dos professores. Os estudantes também querem climatização das salas de aula, o que ainda não foi prometido pela Secretaria de Educação:
– A gente está com uma insegurança de que tudo o que foi acordado não seja feito no prazo. Foram liberados R$ 15 mil pra reformas na escola, e melhorias na merenda. Não prometeram climatização e a gente ainda está ocupando por causa disso – contou.
Em audiência realizada na quarta-feira, a juíza Gloria Heloiza Lima da Silva, da 2ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Capital, determinou o imediato retorno às aulas nas escolas estaduais ocupadas por estudantes do movimento ?Ocupa?. Segundo a juíza, o movimento de estudantes que ocupam colégios para exigir melhores condições de ensino não pode impedir o acesso de outros alunos e professores. Os protestos não estão proibidos, desde que se respeite a ordem judicial e sejam ?ordeiros?.
Nesta sexta-feira, a Secretaria estadual de Educação informou que das 57 escolas ocupadas, a entrada de alunos e professores que não participam do ?Movimento Ocupa? só não foi permitida em 10 unidades. Em outras 35, que estavam ocupadas, estudantes, professores e funcionários puderam entrar e há uma convivência harmônica com integrantes da ocupação. A juíza Gloria Heloiza Lima da Silva disse que vai formar núcleos de mediação para visitar as dez escolas onde os estudantes do movimento ?Ocupa? ainda impedem o retorno às aulas.
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