Cotidiano

AIE: mercado de petróleo poderá voltar ao equilíbrio em 2017

PARIS – O mercado do petróleo poderá começar a voltar ao equilíbrio a partir de 2017, na condição que os principais países petroleiros respeitem seu compromisso de reduzir a produção, indicou a Agência Internacional de Energia (AIE). A agência, que representa os países consumidores, calcula que a redução da produção poderá alcançar 0,6 milhão de barris por dia (mbd).

“Se a Opep e os países de fora da Opep aplicarem estritamente seu acordo de redução de produção, as reservas mundiais começarão a baixar durante o primeiro trimestre do ano que vem”, afirma a organização em seu relatório mensal sobre o petróleo.

Desde 2014, a Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) inundou o mercado para competir com os produtores de petróleo de xisto americanos, fazendo com que os preços caíssem. Mas, em 30 de novembro passado, deu uma guinada em sua estratégia e concordou em reduzir a produção em 1,2 milhão de bpd, ou 32,5 milhões de bpd, durante um período de seis meses a partir de janeiro.

Além disso, 11 países produtores que não fazem parte do cartel também se somaram ao acordo e, no sábado passado, concordaram em cortar 558 mil barris por dia. O maior esforço será da Rússia, com uma diminuição de 300 mil bpd.

Em consequência, a produção do conjunto dos países da Opep, entre eles os Estados Unidos, crescerá apenas 0,2 milhão de bpd, menos que os 0,5 milhão de bpd previstos até agora.

Para 2015, a produção dos países não-Opep deveria baixar em 0,9 mbd, até um total de 56,8 milhões de bpd.

A estratégia parece estar funcionando e, depois do acordo, o Brent, referência no mercado internacional, passou a ser negociado em torno dos US$ 55.

“Em caso de êxito, os preços serão reforçados e as rendas dos produtores ficarão estabilizados depois de dois anos difíceis. Mas um fracasso marcará o início de um quarto ano consecutivo de reservas acumuladas e de um possível retorno a preços mais baixos”, indica a AIE.

Em novembro, a produção mundial alcançou um nível recorde de 98,2 milhões de bd (470 mil bpd a mais que no ano anterior), por isso o esforço de redução poderá ser mais difícil que o previsto.

Os países da Opep produziram esse mês 34,2 mbd, um nível também recorde, que supõe 300 mil bpd a mais em relação a outubro e 1,4 milhão de bpd mais com relação ao mesmo período do ano passado. Esta cifra se explica pelo aumento da produção em Angola, na Líbia e na Nigéria, e também na Arábia Saudita, onde a alta foi de 70 mil bpd, a 10,63 milhões de bpd.

A AIE prevê que o mercado petroleiro também se beneficiará das perspectivas em alta da demanda, impulsionada pela China, que poderá atingir os 11,9 milhões de bpd este ano.

Em seu conjunto, o consumo de petróleo em 2016 deve aumentar 1,4 mbd, a 96,3 mbd, e, em 2017, outros 1,3 mbd, até alcançar os 97,6 mbd (superior ao aumento de +1,2 mbd que previa até agora a agência).