A academia muito discute, mas estamos longe de esgotar o tema. A água consumida pela população paranaense vive sob uma constante ameaça. Ameaça que vulnerabiliza a saúde da população, através de inúmeros e desastrosos casos de intoxicação registrados pelas regionais de saúde do estado. Um indício de que este mal pode estar afetando a população de Cascavel foi apontado pelo vereador Celso Dal Molin durante sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Cascavel. Segundo ele, relatos de moradores da área rural da cidade apontam sintomas de intoxicação como náuseas e dores de cabeça. Para Dal Molin, o motivo pode estar na água consumida pela população.
Sendo assim, Dal Molin, em parceria com o vereador Paulo Porto (PCdoB), convocou para esta quarta-feira (18) uma audiência pública com o tema "Ações para evitar a contaminação e Escassez das Águas de Cascavel". O evento acontece das 14h às 17h30 no plenário da Câmara de Vereadores de Cascavel.
Os dados
O estudo inédito, "Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Européia", publicado pela pesquisadora Larissa Mies Bombardi da Faculdade de geografia da USP, aponta um abismo entre a legislação Brasileira e a da União Europeia sobre os limites aceitos de resíduos de agrotóxicos na água e nos alimentos. A contaminação da água é o que mais chama a atenção, com a lei brasileira permitindo limite 5 mil vezes superior ao máximo que é permitido na água potável da Europa. Para se ter ideia, no caso do Glifosato, que é uma das substâncias mais utilizadas em nossa região, enquanto que o limite na Europa é de 0,1 micrograma por litro, no Brasil o limite chega a 500 microgramas por litro. Ou seja, provavelmente existam resíduos de agrotóxicos na água que consumimos, e o pior, existe grande probabilidade de este fato não ferir qualquer lei nacional.
Agrotóxicos
Em novembro de 2017, a Sanepar lançou em sua fanpage a seguinte postagem: “aproximadamente 70% da água doce do Planeta é consumida pela agricultura. E a grande preocupação que isso causa é em relação ao uso de agrotóxicos, que em excesso acaba contaminando a água, o solo e a nossa saúde” Ou seja, a própria Sanepar admite que a água pode estar contaminada com estas substâncias.
Dados da Secretaria de Estado de Saúde apontam que de 670 sistemas da Sanepar em 344 municípios, no período de 2005 a 2012, em 48 sistemas (7%) ocorreu pelo menos um parâmetro fora dos padrões (28 sistemas no manancial; 20 sistemas na saída do tratamento e 12 na saída do tratamento e no manancial).