BRASÍLIA – Alheio ao processo que julga as contas da chapa Dilma-Temer, o senador tucano Aécio Neves (MG), acabou citado no depoimento de quarta-feira por Marcelo Odebrecht, ao Tribunal Superior Eleitoral. Ao falar sobre pedidos de políticos de dinheiro para a campanha de 2014, Marcelo disse que se reuniu três vezes com Aécio, que concorria à Presidência pelo PSDB.
Na primeira conversa, o tucano pediu R$ 5 milhões de doação. Marcelo frisou que achava que era este o valor mas não lembrava ao certo. Na terceira, na reta final do primeiro turno e com o crescimento de Marina Silva (PSB), Aécio se reuniu com Marcelo e apelou por uma doação de R$ 15 milhões. Segundo depoimento do empresário, ele recusou o pedido, dizendo que o valor era muito alto. Ao que Aécio pediu, então, repasse a seus aliados políticos. Foi então, segundo Marcelo, que ele concordou em colaborar. O repasse seria acertado, segundo o depoimento, entre Sérgio Neves e Oswaldo Borges da Costa.
Oswaldo Borges da Costa é apontado como “controlador das contas das empresas” de Aécio Neves, segundo delação do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro. É uma espécie de tesoureiro informal do tucano
Sérgio Neves, ex-diretor da Odebrecht em Minas Gerais, é um dos 77 funcionários da empreiteira que assinaram acordo de delação premiada. Sérgio Neves detalharia, nas delações, os pagamentos a Aécio.
No depoimento, Marcelo disse que a primeira reunião com o tucano ocorreu ainda na pré-campanha eleitoral. Por não ser parte do processo, o empresário não seguiu com as explicações, a pedido do relator do processo no TSE, ministro Herman Benjamin, que está conduzindo os depoimentos.
Quanto à forma de repasse dos recursos, Marcelo Odebrecht afirmou a Aécio que a construtora já havia doado um dinheiro substancial à sua campanha. Não ficou claro se os R$ 15 milhões foram doados legalmente ou por meio de caixa 2.
*Colaborou Eduardo Barretto