RIO ? A quem pertence um filme? Ao cineasta ou ao roteirista? O diretor de “O crime da Gávea”, André Warwar, divulgou um comunicado nesta quinta-feira em que contribui para a questão, detalhando qual foi a sua função no longa que estreia em 9 de março. No texto, ele lembra que cinema é uma atividade coletiva, mas reforça: “A responsabilidade visual da obra cabe ao diretor”. O Crime da Gávea
A discussão em torno de “O crime na Gávea” surgiu nesta semana, quando, em entrevista ao GLOBO, o roteirista do longa, Marcílio Moraes, defendeu que a autoria do longa pertencia a ele, que cuidou da produção e finalização, além de ser autor do romance no qual o filme é baseado. Assim, “O crime da Gávea” terá a frase “um filme de Marcílio Moraes” nos créditos e no cartaz, ainda que a direção seja de André Warwar ? contrariando uma convenção no meio cinematográfico, em que a titularidade de uma obra é normalmente atribuída ao diretor.
Na nota, Warwar reforça que respeitou a ideia de creditar a autoria do filme para o roteirista Marcílio Moraes, como este já havia dito. “Admiro o trabalho do Marcilio e me dou muito bem com ele. Sabia desde o início dessa bandeira levantada por ele, de defender o autor do filme como o roteirista. Respeito sua decisão e já estive em diversos projetos onde meu nome apareceu da mesma forma (?direção André Warwar?), por uma decisão minha, mesmo sendo produtor destes outros trabalhos”, lembra.
Estrelado por Simone Spoladore e Ricardo Duque, “O crime da Gávea” é um thriller que acompanha um homem transformado em suspeito do assassinato de sua própria mulher.
Leia a nota enviada pelo diretor André Warwar:
?Cinema é uma atividade colaborativa. Todos os profissionais envolvidos possuem sua devida importância, mas a responsabilidade visual da obra cabe ao diretor. Ele é o responsável por unificar todos esses trabalhos numa única visão. Existe todo um trabalho criativo que envolve a fotografia, elenco, locação, direção de arte, aspectos em que o roteirista não se envolve.
Fui procurado inicialmente pelo Marcílio Moraes para fazer um curta, e acabei o convencendo de que seria muito mais proveitoso encarar o desafio de fazermos longa-metragem. Houve muita confiança de todos no meu trabalho de direção desde o início do processo e fico muito feliz de termos chegado a esse resultado.
Sempre considerei ?O Crime da Gávea? um flme autoral, familiar. Minha mulher fez o figurino, meu filho ajudou, o guarda roupa era na sala da minha casa. Admiro o trabalho do Marcilio e me dou muito bem com ele. Sabia desde o início dessa bandeira levantada por ele, de defender o autor do filme como o roteirista. Respeito sua decisão e já estive em diversos projetos onde meu nome apareceu da mesma forma (?direção André Warwar?), por uma decisão minha, mesmo sendo produtor destes outros trabalhos.
A tendência de creditar um filme com o nome do diretor continua muita forte no cinema, na TV existe a figura do roteirista/produtor, que nas produções americanas vem creditado como ?Executive Producer?. Hoje, por exemplo, muitos reconhecem o nome de Vince Gilligan (que também dirigiu alguns episódios), mas não sabem quem dirigiu a série Breaking Bad, com o mesmo valendo para as novelas. Como um diretor estreante em longa, reconheço a importância de se ter um bom roteiro e uma boa dramaturgia para dar suporte ao trabalho de direção?.