Um socorro que demorou mais de duas horas em Santa Tereza do Oeste na noite de domingo foi motivo de polêmica, principalmente entre populares que acompanharam o atendimento a duas vítimas de atropelamento na Avenida Brasília. Catadores de papel foram atingidos por um carro por volta das 19h, mas receberam socorro apenas por volta das 21h, pelo Corpo de Bombeiros de Cascavel, que deslocou uma viatura a Santa Tereza.
No local, a informação é que o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) da cidade foi acionado pelo motorista do veículo envolvido no acidente, mas que a ambulância não poderia prestar socorro às vítimas, que estavam com hipotermia. “Alegam que há três ambulâncias na cidade, mas onde estão? Não é a primeira vez que isso acontece aqui, a informação é de que a ambulância do Samu não está em Santa Tereza, passaram o atendimento para o socorro da cidade no posto, mas as vítimas ficaram esperando, no relento, por mais de duas horas até o bombeiro chegar”, desabafaram moradoras do município, durante a transmissão ao vivo do socorro pela página do Facebook dos jornais Hoje News/O Paraná.
Ambulância quebrada
Santa Tereza do Oeste é um município que tem base do Consamu. Porém, de acordo com a direção-técnica do consórcio, apenas um veículo é disponibilizado no local. No domingo à tarde, por volta das 14h30, a ambulância, que é antiga, ainda de 2011, quebrou. Aliás, esse é o maior problema do Consórcio hoje. Das 25 viaturas, 22 precisam ser trocadas com urgência, o que já foi solicitado ao Ministério da Saúde, mas até agora sem resposta. A ambulância foi substituída por outro veículo reserva às 16h, também antigo. Quando houve a solicitação do pedido para atender as vítimas de atropelamento, a ambulância estava em uma ocorrência em outra cidade. “Não houve recusa do Samu, e sim uma indisponibilidade naquele momento. Nestas situações, acionamos a viatura da frota municipal da cidade. Segundo registros, a equipe local não deslocou para a ocorrência, e por isso a medida foi acionar o Siate de Cascavel”, afirma Rodrigo Nicácio, diretor-técnico do Consamu Cascavel.
Exclusividade?
A assessoria de imprensa direta do prefeito de Santa Tereza afirmou que o município paga R$ 15 mil por mês para ter uma viatura “exclusiva” para a cidade. E que as ambulâncias do Município não têm como atender ocorrências deste tipo. Porém, de acordo com o Consamu, a contribuição mensal do Município ocorre como em todas as cidades do consórcio: é pago R$ 1,36 por habitante. E, segundo estimativa de 2017 do IBGE, a população de Santa Tereza é de 10.471 pessoas. Os valores multiplicados chegam a quase R$ 15 mil. “A ambulância de Santa Tereza pode ser acionada para cidades vizinhas, que não têm base, assim como ocorre em qualquer outra cidade”, reforça Nicácio.
O atendimento
Segundo relatório online do Corpo de Bombeiros, o horário de acionamento da ocorrência foi às 20h30. O socorro foi mostrado ao vivo pela reportagem aproximadamente às 21h. “Quando fizemos o convênio com o Samu, ficou claro que todos os acidentes e pronto-atendimentos seriam feitos pelo Samu. Não fazemos, com as ambulâncias da cidade, esse procedimento. Já aconteceu, outras vezes, de ficarmos desprotegidos porque a ambulância atende outras cidades. O que não pode é o Samu jogar a responsabilidade em cima de nós e o atendimento ser realizado cerca de duas horas depois”, rebate o prefeito de Santa Tereza do Oeste, Élio Narciniak.