Cotidiano

225 anos depois de sua morte, Mozart tem o lançamento mais vendido de 2016

Links MozartRIO ? Astros da música pop atual, Beyoncé, Drake, Rihanna e Kanye West dominaram as indicações à 59ª edição do Grammy, cuja lista de finalistas foi divulgada nesta terça-feira. Mas, pelo menos em número de vendas, nenhum deles ? nem nenhum outro artista do mundo ? superou em 2016 o compositor austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, morto há 225 anos.

Lançada no dia 28 de outubro, a caixa “Mozart 225: The new complete edition” já rendeu a venda de 1,25 milhão de CDs, segundo a Universal Music Group. O trabalho póstumo traz 225 discos, apresentando todas as obras compostas por um dos maiores artistas da música clássica. O vasto material conta com 600 solistas consagrados e com 60 orquestras, em um total de 240 horas de música ? isso sem falar de um imenso material de leitura que acompanha o box.

Mas cabe aqui uma explicação: obviamente, a caixa, cujo preço sugerido é de US$ 479,98, não acumula 1,25 milhão de vendas. Mas, para a “Billboard”, responsável pela parada de sucessos mais relevante dos Estados Unidos, um álbum duplo, por exemplo, conta como dois discos vendidos. Logo, para cada “Mozart 225” vendido, o sistema contabiliza 225 unidades de álbum. Ou seja, a venda de 5.556 caixas foi suficiente para que Mozart, que morreu em 1791, aos 35, desbancasse Beyoncé, Drake e companhia ? a própria “Billboard” publicou uma nota em seu site confirmando a vitória do austríaco.

BOX TRAZ GRAVAÇÃO DE ‘MÚSICA PERDIDA’

O exaustivo projeto foi divulgado oficialmente pela Universal no fim de agosto, após 18 meses de curadoria, planejamento, gravação e produção. A Decca e a Deutsche Grammophon combinaram forças para preparar essa compilação, quase absurda de tão meticulosa e admirável em sua profundidade acadêmica. Existem outras caixas de “Mozart Completo” no mercado, mas esta pode tranquilamente se vangloriar de ser “mais completa” que todas as outras.

Cronologicamente, a compilação começa com as primeiras composições conhecidas de Mozart, dois fragmentos em dó maior para cravo, com duração de 17 e 14 segundos respectivamente. Ambos foram escritos em 1761, quando ele tinha apenas 5 anos de idade. A última música da coleção é o ?Requiem?, deixado inacabado após sua morte, em 1791. No meio estão só todos os 27 concertos para piano, 41 sinfonias, cada ópera e sonata, mas muitas versões alternativas, fragmentos, arranjos de músicas de Haendel e Bach e até mesmo trabalhos cuja autoria está em disputa.

De particular interesse histórico é a gravação da estreia mundial de uma “música perdida” recentemente descoberta que Mozart teria composto em colaboração com Antonio Salieri. Escrita em 1785, a contribuição de Mozart para “Per la ricuperata salute di Ofelia” (“Para a saúde recuperada de Ofélia”) consiste em apenas duas estrofes durando menos de um minuto e meio. Mas a melodia elegantemente simples é instantaneamente reconhecível como o trabalho do compositor.

Entre os extras embalados na robusta caixa, estão cinco cópias de partituras do compositor, o último retrato conhecido e uma carta para seu pai. Há também dois livros de capa dura ? uma nova biografia e uma análise música-a-música.

O material é tão extenso que exigiria semanas para ser avaliado em profundidade. E o preço sugerido de US$ 479,98 significa um compromisso financeiro relevante. Definitivamente não é um produto para ouvintes casuais, mas para os admiradores mais dedicados de Mozart trata-se de uma baú de tesouros.