O produtor Jean Freire da Silva Santos, de Marilândia do Sul, na região Norte do Paraná, trabalhou a vida toda na lavoura com o pai. Mas, no ano passado, ele e a esposa, Cristina Ferreira Martins, buscaram um novo caminho no próprio sítio. Agora, o casal investe em estufas para olericultura e planeja aumentar a produção neste ano, garantindo uma renda importante para o sustento dos cinco filhos. A estruturação da propriedade foi possível com a ajuda do programa Renda Agricultor Familiar, do Governo do Estado.
A execução do programa, criado em 2015, é uma parceria entre a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná Iapar-Emater (IDR-Paraná) e Secretaria de Estado da Justiça, Família e Trabalho.
Jean Santos pôde ter acesso ao benefício porque está inscrito no CadÚnico e no programa Família Paranaense. Após contato do IDR-Paraná, o agricultor explicou a necessidade de melhorias na propriedade de um alqueire e, com apoio técnico, desenvolveu um projeto para construção de estufa, aquisição de mudas e equipamentos como filtro e gotejador.
A família recebeu assistência da médica veterinária Roberta Zanin, do engenheiro agrônomo Felipe de Freitas e da assistente social Rafaela Bernardo, do IDR-Paraná. Somente em Marilândia do Sul, foram desenvolvidos 15 projetos no último ano.
“A ajuda dos técnicos foi essencial para nós, eles foram bastante atenciosos e deram dicas do que poderia ser feito no sítio”, conta o produtor. Neste mês, a equipe esteve em contato com Jean para acompanhar o andamento do trabalho e se surpreendeu com o resultado. “Nossa maior satisfação é ver a motivação dos agricultores para crescer”, diz a assistente social.
Agora, o casal está financiando mais duas estufas, aderiu ao Cadastro de Produtores Rurais – CAD/PRO e, no próximo ano, tem o objetivo de integrar o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), regularizações importantes para ter acesso a mais projetos de custeio e investimento.
A expectativa da família é produzir cerca de 480 caixas de tomate e fornecer para as Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa). O tomate é o segundo principal produto da olericultura em participação no Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) de Marilândia do Sul, responsável por 13% do faturamento total, que é de aproximadamente R$ 394 milhões.
RECURSOS – Em 2020, o Renda Agricultor Familiar destinou R$ 1,7 milhão a pequenos produtores paranaenses, mas o investimento para este ano quase dobrou. O Governo do Estado disponibilizou R$ 3 milhões para atender outras mil famílias até o final de 2021. O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, comemora os resultados. “Estamos conseguindo ajudar os agricultores familiares, que são prioridade nas políticas públicas do Estado, a crescer e tornar seu produto mais competitivo no mercado”, diz.
Para a coordenadora do programa no IDR-Paraná, Ana Mirian Araújo Krieck, os recursos ajudam a transformar a realidade de trabalhadores que, muitas vezes, estavam invisíveis no meio rural. “Com sensibilidade, os técnicos identificam o tipo de projeto que melhor aproveita habilidades e potenciais que a família já tem. Assim, garantimos a valorização do seu trabalho”, afirma.
BALANÇO – Desde dezembro de 2015, quando o programa começou, cerca de 5,7 mil famílias foram beneficiadas com R$ 14,6 milhões, conta o coordenador do programa na Seab, Jefferson Meister, do Departamento de Desenvolvimento Rural Sustentável (Deagro). “As atividades incluem saneamento básico, produção para autoconsumo e apoio a processos produtivos”, explica. Para subsidiar as ações, cada projeto recebe um auxílio financeiro de R$ 3 mil. Os recursos são do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do Tesouro do Estado.
PROGRAMA – O secretário da Justiça, Ney Leprevost, destaca que os recursos são fundamentais para a geração de renda e a melhoria da qualidade de vida dessas famílias.
O Renda Agricultor Familiar destina-se a pessoas em situação de vulnerabilidade social da área rural de 156 municípios prioritários – em regiões com baixo IDH – e com renda per capita mensal de até R$ 170.
O perfil da população atendida inclui, ainda, pescadores, população indígena, quilombola e faxinalense. Em parceria com as prefeituras, as equipes técnicas das secretarias identificam as necessidades de cada família e os técnicos do IDR-Paraná elaboram os projetos.