Toledo – Há quase um mês desde que teve início o plantio da soja, o cultivo da oleaginosa na região oeste estacionou em cerca de metade das áreas. As máquinas vêm encontrando resistência para entrar no campo, com o excesso de umidade provocado pela chuva que não tem dado muita trégua nas últimas semanas.
Dos quase 1,1 milhão de hectares que deverão ser destinados ao grão no oeste no ciclo 2018/2019, cerca de 600 mil hectares já foram plantados e estão em desenvolvimento vegetativo. Por enquanto, esta fase é considerada de bom desenvolvimento, mas tudo também dependerá do comportamento climático nas próximas semanas. O excesso de chuva tende a retardar o ciclo.
Os números são dos Núcleos Regionais da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento), com dados do Deral (Departamento de Economia Rural).
O aspecto que mais preocupa e que promete atrasar de vez a semeadura – além da chuva prevista para os próximos dias com acumulados que podem passar dos 100 milímetros – é que os cerca de 130 mil hectares de trigo ainda no campo só deverão ser colhidos perto da segunda quinzena de outubro. “Isso atrasa o plantio da soja, mas as regiões onde mais há trigo no campo são Catanduvas e Ibema. Ocorre que, por lá se planta menos milho na safrinha”, reforça a economista do Deral Jovir Ésser.
Mas o que a safrinha de inverno tem a ver com o cultivo de verão? Tudo!
Os sojicultores estão antecipando cada vez mais o plantio da soja no verão para colhê-la a tempo de plantar, dentro do zoneamento agrícola, o milho na safra de inverno. O cereal se transformou na principal escolha dos agricultores naquele ciclo e neste ano contou com mais de 730 mil hectares destinados a ele na safra que acaba de ser colhida. A cultura é de alto risco, mas, se cultivado no zoneamento, além de cobertura de seguro agrícola no caso de inferências climáticas, há uma menor probabilidade de ficar exposto ao período mais crítico da estação mais gelada do ano.
A safra de verão 2017/2018 interferiu muito na safrinha deste ano. O clima mudou toda a dinâmica do campo neste último ano. Como não choveu em setembro do ano passado, os produtores não plantaram a soja superprecoce e precoce. Uma parte deles cultivou no chamado pó – sem umidade no solo – e muitos foram obrigados a replantar as lavouras. Parte porque não germinou por falta de água e parte porque choveu demais em outubro, com acumulado regional de mais de 900 milímetros, na média.
Algumas lavouras foram literalmente levadas do campo pelas enxurradas.
Na sequência, o clima atrapalhou bastante o desenvolvimento da soja nos meses seguintes com temperaturas mais baixas do que o ideal para o desenvolvimento dos grãos e por momentos chuva demais e em outros, chuva de menos.
O ambiente que ficou favorável ao aparecimento de doenças trouxe o fantasma da ferrugem assombrando as lavouras. Somente em cultivos comerciais foram mais de 100 ocorrências da doença, segundo o Mapa Antiferrugem da Embrapa Soja.
Apesar de todos os fatores prejudiciais associados, a safra 2017/2018 foi uma das melhores da história do oeste, com cerca de 3,6 milhões de toneladas colhidas. Neste ano, reconhece o agrônomo e especialista de mercado Wlamir Brandalize, há tudo para a marca ser superada e, assim como na tendência nacional, o oeste poderá ter, se não a melhor, a segunda maior colheita da história. Até o momento os núcleos regionais da Seab estimam 3,9 milhões de toneladas, 8% mais que no ciclo passado. A expectativa é para que tudo esteja cultivado até o fim do mês que vem.
Safra de grãos do Paraná deve atingir 23,3 milhões de toneladas
A safra de grãos no Paraná 2018/2019 deverá ter uma variação positiva de 4% se comparada à safra anterior, segundo levantamento do Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. A produção está estimada em 23,3 milhões de toneladas, enquanto na safra 2017/2018 a produção foi de 22,5 milhões.
O Estado tem registrado um ritmo satisfatório de plantio das culturas na primeira safra 2018/19, ao contrário da anterior, prejudicada pelo clima.
Entre as principais culturas, foram registrados alguns índices positivos de preço, área, produção e rendimento. O rendimento do feijão de 1ª safra, por exemplo, cresceu 12% entre as safras de 17/18 e 18/19. Atualmente, a expectativa é que essa cultura renda cerca de 1.976 kg por hectare. O milho e a soja de 1ª safra também tiveram crescimento nessa variável, respectivamente de 5% e 2%.
A soja paranaense está com o plantio adiantado, com cerca de 18% da área semeada. No mesmo período do ano passado, a seca havia prejudicado esse índice, que atingiu somente 2%. A estimativa de produção é de 19,6 milhões de toneladas, um aumento de 2% com relação ao mesmo período do ano passado. A área plantada deverá ser de 5,4 milhões de hectares.
Aproximadamente 15% da produção está comercializada, número que atende à média dos últimos três anos. A guerra comercial entre a China e os Estados Unidos é um dos fatores de influência nos preços. A saca de 60 kg do grão é comercializada em média por R$ 80 um aumento de 40% com relação ano passado, quando o preço da saca era girava entorno de R$ 58.
Em setembro o Paraná tem 55% da área de feijão plantada. Cerca de 95% da safra está em boas condições e outros 5% – nos núcleos de Cornélio Procópio, Jacarezinho e Ivaiporã – registram condições medianas. A área dessa cultura reduziu 13% no período, e a expectativa de produção é de 334 mil toneladas. O preço recebido do feijão tipo cores subiu cerca de 10% entre os meses de agosto e setembro e chegou a R$ 95,06 a saca de 60 kgs.
Perdas do milho
A colheita da segunda safra de milho 2017/18 foi concluída em setembro. Foi confirmada uma quebra de 25% na safra, afetada principalmente pelo período mais seco que ocorreu nos meses mais frios. Foram produzidas cerca de 9 milhões de toneladas, 3 milhões a menos do que a estimativa inicial, que era de 12 milhões.
A 1ª safra 2018/19 tem quase 60% da área plantada. A produção esperada é de 3,2 milhões de toneladas, 11% a mais do que na safra 17/18. Quanto aos preços, o milho é comercializado atualmente por R$ 31,00 a saca de 60 kg, valor 55% maior que no mesmo período do ano passado, quando o preço pago foi de R$ 20,00 em média.
A área teve uma variação positiva de 6% na comparação com a safra anterior, passando de 331 mil hectares para 352 mil hectares, segundo o técnico do Deral responsável pela cultura, Edmar Gervásio.
Seca quebra 15% do trigo
A estimativa é de que sejam produzidas 2,9 milhões de toneladas de trigo. Por causa da seca, o trigo teve 15% de redução na produção em relação a expectativa inicial. A estimativa de área permanece sem alteração, totalizando aproximadamente 1,1 milhão de hectares.
Na região norte a maior parte das lavouras vem apresentando problemas, porém, houve boa produtividade nas primeiras áreas colhidas do oeste; e a região sul não registrou perdas até o momento. Isso pode mudar caso aconteçam alterações no clima, como a chegada de dias chuvosos, pois nas próximas semanas muitas lavouras estarão prontas para a colheita.
Atualmente foi colhida apenas 20% da área, contra 65% no mesmo período do ano anterior, atraso esperado devido a lentidão do plantio.
A saca de 60 kg de trigo foi comercializada em média por R$ 46,00 e, apesar do viés de baixa, pode se manter por causa da desvalorização do Real frente ao Dólar.