O Paraná será o primeiro estado brasileiro a implantar o Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos, o Pronasolos. O objetivo é adequar uma estrutura de pesquisa para aumentar o nível de conhecimento dos solos brasileiros. O programa vai possibilitar a governança por parte do poder público, valorizar o manejo sustentável dos recursos naturais, com destaque para o solo, o que permitirá ao País um desenvolvimento agropecuário ordenado e de longo prazo.
No Paraná, está sendo possível antecipar o calendário das ações do Pronasolos graças à parceria entre a Secretaria da Agricultura e Abastecimento, a Embrapa Florestas – que conduzirá o programa Estado, a Itaipu Binacional, as Secretarias de Estado da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior e do Meio Ambiente, o Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), o IAP (Instituto Ambiental) e o ITCG (Instituto de Terras, Cartografia e Geociência).
Após um ano sendo estruturado, o Pronasolos entra em nova fase, que é a de coleta de material (solos e vegetação) para análise, que será iniciada no segundo semestre. A meta é gerar informações e criar condições para a redução da escala dos mapas atuais, que permita ampliar a visualização para melhor planejamento da propriedade rural.
Planejamento
Atualmente, os mapas de solos e vegetação trazem informações, em média, na escala de 1:100 mil. A intenção é reduzir essa escala para 1:25 mil ou 1:50 mil. Com essa visualização, mais ampla, será possível planejar melhor a propriedade rural, inclusive propor medidas mais adequadas para a conservação e o manejo de solos.
Com o levantamento da vegetação, também será possível definir quais as melhores espécies vegetais que devem ser plantadas para formação de APP (Áreas de Preservação Permanente) e para o plantio de matas ciliares. “A partir de informações mais detalhadas, os viveiros municipais vão saber que tipo de muda de vegetação devem produzir em suas regiões”, explicou Debora Grimm, secretária-executiva do programa Prosolos Paraná e que integra o Pronasolos.
Parceria
No Paraná, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento com os demais órgãos antecipa o calendário de ações do Pronasolos. As instituições e órgãos se uniram para viabilizar o início das atividades, uma vez que os recursos federais estão previstos para serem liberados somente a partir de 2020.
Os trabalhos serão iniciados na região oeste do estado, entre os municípios de Toledo a Foz do Iguaçu, delimitada na bacia hidrográfica do Paraná III. Porém, o objetivo é mapear o Estado todo, dividido em seis módulos regionais, informou Debora Grimm.
Nova fase
Na nova fase que se inicia, a Secretaria da Agricultura e Abastecimento vai recorrer aos recursos do Programa de Conservação de Solos em Microbacias para fazer a aquisição de material que será utilizado nos laboratórios do Iapar, em Londrina, entidade responsável pelas análises de solos e produção dos mapas.
A coleta de material (solo e vegetação) será feita pela Embrapa Florestas, que conduzirá o programa no Paraná. A empresa Itaipu Binacional deverá repassar recursos para financiar a contratação de técnicos que farão o trabalho de coleta no campo
O que é o Pronasolos
O Pronasolos é um programa federal, de responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e cabe a Embrapa Florestas o levantamento das informações necessárias e demais providências para se estabelecer uma governança eficaz com relação ao tema solo, que será implantado em todos os estados.
Ele surgiu a partir de um Acórdão do Tribunal de Contas da União (nº 1942/2015) que versa sobre Governança de Solos. A matéria constatou a insuficiência de informações e a dificuldade de acesso aos dados de solos, devido à inexistência de um sistema único ou de uma plataforma que permita a interpretação desses dados por profissionais que utilizam esse tipo de informação no Brasil.
Cada estado ficará responsável pelo mapeamento detalhado dos solos e vegetação com base em cinco princípios de ação: proporcionar informações que auxiliem na promoção de uso e manejo adequado do solo, com foco na sustentabilidade; estimular investimentos, políticas públicas mais assertivas e transferência de tecnologia; promover pesquisas focando nas lacunas do conhecimento em solos; geração de informações e ampliação da base de dados; padronizar métodos, medidas, indicadores de manejo e proteção do recurso natural (solo).
Os principais resultados esperados são uma base de dados integrada de levantamento de solos (mapas, relatórios, perfis) e interpretações de potencialidades e limitações ao uso agrícola (aptidão agrícola, zoneamentos diversos), em nível de detalhe e escalas compatíveis com as necessidades de planejamento de uso da terra no meio rural e também para orientação e definição de políticas públicas em todo o território nacional.