Opinião

A “multiplicação” do servidor público

Por Carla Hachmann

O estudo Três Décadas de Evolução do Funcionalismo Público no Brasil (1986-2017), recém-divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), revela o quanto custa e o quanto cresceu a quantidade de servidores públicos no País. Em alguns poderes, os números assustam.

Para se ter ideia, apenas que em 2017 foram gastos R$ 750,9 bilhões com os servidores públicos ativos, o que corresponde a 10,5% do PIB (Produto Interno Bruto, soma dos bens e dos serviços produzidos no país) brasileiro.

Nesses 32 anos, o funcionalismo público cresceu 123% e o número total de vínculos subiu de 5,1 milhões para 11,4 milhões. Em termos de comparação, nesse mesmo período o mercado de trabalho formal no setor privado cresceu 95% no total de vínculos.

O maior crescimento foi visto nos municípios: 276%, de 1,7 milhão para 6,5 milhões, enquanto o aumento foi de 50% na esfera estadual e de 28% na esfera federal, incluindo civis e militares.

No caso dos municípios, 40% das ocupações correspondem às áreas de educação e saúde.

O mais impressionante foi o salto no Legislativo e no Judiciário. O primeiro, crescimento 436%, passando de 51 mil para 275 mil vínculos de trabalho. O segundo teve a maior expansão relativa, de 512%. O total de vínculos passou de 59 mil para 363 mil.

Além de contratar mais, o poder público também paga melhor que a iniciativa privada. Em 2017, Apesar de representarem 60% dos vínculos do setor público, os servidores municipais ganham, em média, um terço do que os federais, onde a remuneração média subiu de R$ 4,8 mil em 1986 para R$ 8,5 mil, em 2017.

Sem surpresa, o Judiciário tem os maiores salários: em 2017, a remuneração média foi de R$ 12.081; enquanto no Legislativo foi de R$ R$ 6.025, e, no Executivo, de R$ 3.895.