Cotidiano

Trump cobra de Putin devolução da Crimeia e fim da violência na Ucrânia

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WASHINGTON – Num momento delicado pelas acusações de laços do governo de Donald Trump com o presidente russo, Vladimir Putin, a Casa Branca garantiu que o chefe de Estado cobrou de Moscou a retomada da península da Crimeia à Ucrânia e um alívio das recentes tensões no Leste ucraniano. Trump Rússia

? O presidente Trump deixou bastante claro que espera do governo russo que amenize a violência na Ucrânia e retorne a Crimeia ? disse o porta-voz Sean Spicer numa coletiva de imprensa. ? Ao mesmo tempo, ele totalmente espera ter uma boa relação com a Rússia.

Os russos anexaram a Crimeia no início de 2014, após uma rápida ofensiva militar na região. Em sequência, Moscou intensificou o apoio a rebeldes separatistas em outras áreas do Leste ucraniano, o que deu origem a um conflito que deixou mais de 10 mil mortos e está sob cessar-fogo, atualmente, mas com repetidas violações que já mataram dezenas de pessoas no início de 2017.

Na terça-feira, altas lideranças republicanas no Senado pediram uma investigação sobre supostos laços do governo Trump com a Rússia, um dia após a renúncia do conselheiro de Segurança Nacional, Michael Flynn. O ex-general deixou seu posto na Casa Branca após a revelação de contatos secretos com o embaixador russo para discutir o levantamento de sanções de Washington a Moscou. A Casa Branca admitiu a perda da confiança de Trump em Flynn, que foi a primeira baixa do governo ? em menos de um mês.

O segundo senador na hierarquia republicana, John Cornyn, e outros parlamentares em cargos de peso na Casa pediram a intervenção da Comissão de Inteligência. O senador Roy Blunt, membro do comitê, pediu que Flynn testemunhe sobre o caso.

? Acho que todo mundo precisa que esta investigação aconteça ? disse Blunt a uma rádio local. ? A Comissão tem a responsabilidade principal de conferir isso. (…) Deveríamos falar com o general Flynn muito em breve e ele responder muitas questões.

O senador Bob Corker, que chefia a Comissão de Relações Exteriores, afirmou que o caso Flynn reforça a tensão com a Rússia. Já Lindsey Graham, também republicano, defendeu ainda uma investigação específica sobre os contatos de Flynn com o embaixador russo no período de transição presidencial.

RENÚNCIA PROBLEMÁTICA

Pela lei americana, Flynn, como cidadão privado que ainda era antes da posse, não poderia ter tratado de diplomacia com outros países em nome dos EUA. Na carta de demissão, ele se defendeu, dizendo que agia em interesse do futuro governo. Mas também admitiu que “transmitiu sem querer ao então vice-presidente eleito e a outros informações incompletas sobre suas conversas telefônicas” com o embaixador russo.

“Cumprindo meus deveres como futuro Conselheiro de Segurança Nacional, mantive várias ligações com homólogos, ministros e embaixadores estrangeiros. Estas ligações tinham o objetivo de facilitar uma transição suave e começar a construir as relações necessárias entre o presidente, seus conselheiros e líderes estrangeiros. Estas ligações são práticas de praxe em qualquer transição desta magnitude”, disse em nota.

Conselheiro de Segurança de Trump renuncia

Não é incomum que equipes de transição tenham conversas com governos estrangeiros antes de tomar posse. No entanto, os contatos repetidos entre Flynn e a Rússia vieram em um momento sensível, quando os Estados Unidos reforçavam o debate sobre as sanções ao governo russo, o que pode ter moldado a reação russa ao novo governo.

De acordo com o texto de renúncia, ele pediu desculpas ao vice-presidente, Mike Pence, e ao presidente Trump. Flynn também afirma que sentiu-se honrado de ter prestado serviços ao país sob as ordens de Trump. Flynn caiu diversas vezes em contradições ao tentar explicar o teor de suas conversas com o diplomata russo e chegou a envolver Pence, que saiu em sua defesa em várias ocasiões.

Algumas horas antes do anúncio da renúncia, o porta-voz da Presidência, Sean Spicer, havia admitido que Trump avaliava a situação criada por Flynn e estava em contato com Pence para analisar o tema. Congressistas democratas exigiam que o assessor renunciasse ou fosse demitido. Enquanto isso, os republicanos haviam optado por permanecer em silêncio.

? A erosão desta confiança (de Trump em Flynn), francamente, era a questão ? admitiu Spicer na terça-feira. ? O presidente sabia há semanas que o general Flynn não estava sendo verdadeiro sobre a questão.

Em reação, o Kremlin disse que este é um assunto interno dos Estados Unidos.

? É um assunto interno dos Estados Unidos, um assunto interno do governo do presidente Trump não é assunto nosso ? declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a jornalistas. ? Dissemos o que queríamos dizer. Os quatro cotados para Conselheiro de Segurança Nacional de Trump