Economia

Paraná Trifásico atinge 2,5 mil km

Programa visa interromper as quedas de energia, frequentes nas zonas rurais

Outros 3,4 mil km já estão em execução - Foto: Copel 
Outros 3,4 mil km já estão em execução - Foto: Copel 

Palotina – O programa Paraná Trifásico alcançou 2,5 mil quilômetros de novas redes de energia elétrica no Estado. É como se a substituição das linhas monofásicas tivesse sido implementada ao longo do trecho entre Paranaguá e Foz do Iguaçu três vezes, e mais uma vez entre Guarapuava e Curitiba.

A inauguração oficial desse primeiro trecho, que representa 10% do programa de 25 mil quilômetros projetados até 2025, ocorreu nessa quarta-feira (18) na sede da C.Vale, em Palotina.

O investimento total da Copel apenas em 2020 ultrapassará R$ 235 milhões, superior ao montante planejado inicialmente para este ano, de R$ 210 milhões. A nova rede trifásica está pulverizada por todo o Estado e as obras estão gerando cerca de mil empregos diretos e indiretos no Paraná.

Segundo o governador Carlos Massa Ratinho Junior, o programa atende duas prioridades da gestão: interromper as quedas de energia, mais frequentes nas zonas rurais, e promover redes elétricas de qualidade para produtores que planejam aumentar os investimentos nos próximos anos.

“Implantamos 2,5 mil quilômetros. É o maior programa do País, com projeto de construir 25 mil quilômetros de linhas. É uma modernização que atende a área rural, colaborando com as cooperativas e os produtores rurais”, disse o governador. “Tínhamos que modernizar aquilo que foi feito no passado. O Paraná Trifásico é o Clic Rural dos anos 1980. Estamos preparando o Paraná para os próximos 30 anos”.

Na prática, toda a espinha dorsal da rede de distribuição no campo está sendo trifaseada, substituindo a tecnologia monofásica da primeira grande revolução elétrica no interior. Além de garantir energia de mais qualidade e com maior segurança, o programa proporciona o acesso do produtor rural à rede trifásica a um custo muito inferior ao que hoje é pago. A Copel vai investir R$ 2,1 bilhões para alcançar todos os cantos do Paraná.

“A Copel é dos paranaenses, por isso esses investimentos bilionários estão acontecendo no Estado. Há muito prejuízo na produção rural com as quedas de energia. Temos muito a melhorar, mas esse primeiro pacote é a prova de que estamos no caminho certo”, disse Daniel Pimentel Slaviero, presidente da Copel. “A Copel quer ter a melhor energia, com a rede mais segura e moderna do País”.

As redes isoladas atuais sofrem mais com as quedas de energia. Com o trifaseamento, haverá interligação entre essas redes e a criação do efeito redundância no fornecimento. Ou seja, redes que hoje estão próximas, porém não se “conversam”, passarão a ser interligadas. Assim, se acabar a energia em uma ponta, a outra garante o abastecimento. E, em caso de desligamentos, os produtores rurais terão o restabelecimento da energia mais rápido.

Com o programa, a Copel melhora a qualidade no fornecimento de energia para o campo, renova seus ativos e garante mais segurança aos seus funcionários e à população. Os novos cabos com capa protetora isolante têm nível de resistência reforçada quando atingidos por galhos de árvores ou outros objetos. Os antigos cabos eram “nus”.

 

Áreas abrangidas na primeira fase

Foram concluídos 569 quilômetros no centro-sul (R$ 62,3 milhões); 571 km no leste, que compreende Curitiba, Região Metropolitana e Litoral (R$ 64,4 milhões); 449 km no noroeste (R$ 35,7 milhões); 397 km no norte (R$ 32,8 milhões); e 514 km no oeste/sudoeste (R$ 39,9 milhões).

Outros 3.446 quilômetros foram contratados e já estão em execução. São 830 km no Centro-Sul; 755 km no Leste; 611 km no Noroeste; 523 km no Norte; e 725 km no Oeste/Sudoeste. E ainda há 5.536 quilômetros já com o traçado projetado.

Pela programação original, serão implementados mais 3 mil quilômetros em 2021, outros 4,5 mil km em 2022 e 5 mil em cada ano entre 2023 e 2025. O programa precisou ser escalonado até 2025 porque não havia disponibilidade de insumos suficientes para instalação a curto prazo dos equipamentos e do cabeamento.

“O Paraná Trifásico é o principal projeto em termos de investimento. O primeiro ano é mais difícil por causa da logística, dos fornecedores, da inclusão de novas tecnologias no sistema. Mas o saldo é muito positivo, repercutindo na robustez da rede elétrica em todo o Estado”, destacou Júlio Omori, superintendente de Smart Grid e Projetos Especiais da companhia.

Passo a passo do programa

O programa retira os postes antigos do meio das plantações e coloca postes novos nas estradas rurais, o que facilita o acesso dos técnicos, e disponibiliza cabos mais resistentes contra as intempéries. Os postes estão sendo enterrados cerca de 1,80 metro para dentro da terra, o que renova a resistência contra ventos fortes. Alguns deles têm para-raios.

As novas linhas têm conexões inteligentes com a central de monitoramento da rede, chamados de religadores automáticos. Esses aparelhos têm capacidade para identificar problemas e “abrem temporariamente” para passagens de eventuais curtos para evitar desligamentos, e religam a energia sem precisar de interferência humana. Os equipamentos podem ser acionados remotamente pelo novo Centro de Operação da Copel em Curitiba.

Além de garantir energia de mais qualidade e com maior segurança, o investimento da estatal vai proporcionar o acesso do produtor rural à rede trifásica a um custo muito inferior. Além disso, equipamentos com motores trifásicos normalmente são mais eficientes, baratos e têm uma taxa de falha menor.

As redes elétricas trifásicas também favorecem quem pretende ser produtor de energia elétrica na sua propriedade, pois a rede monofásica limita essa possibilidade.

Modernização para a agropecuária

A expectativa do governo do Estado é de que o programa seja uma grande plataforma de transformação e incentivo à industrialização para regiões produtoras do agronegócio. Culturas que dependem da energia elétrica intensiva para a sua produção terão grande benefício, entre elas leite e derivados, suinocultura, avicultura, piscicultura e fumo, por exemplo, além de atividades como os poços artesianos. O Paraná é líder nacional em algumas delas, como avicultura e piscicultura.

“É um momento importante de potencializar aquilo que é bom para o Paraná. Eu sou do tempo de cabo de enxada em que se tinha um bico de luz. Os tempos evoluíram, as ferramentas se modernizaram. Passávamos vergonha no mundo tendo que explicar a morte de animais nas granjas por estresse térmico. A rede monofásica já não suporta a tecnologia do campo. Por isso a decisão de fazer esse investimento, que vai, inclusive, baratear o acesso do produtor ao trifásico”, disse o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara. “É uma revolução!”

Esse investimento em energia é parte de um programa maior do Estado que envolve, ainda, modernização da infraestrutura nas malhas rodoviária e férrea, ao status sanitário de área livre de febre aftosa sem vacinação e ao Descomplica Rural, programa idealizado para facilitar o acesso às licenças necessárias para produção rural.

“Energia dá segurança para os cooperados e para as cooperativas. O grande problema é ter perda de energia com os sistemas automatizados e as áreas climatizadas. Energia segura estimula os produtores e as agroindústrias a investirem cada vez mais”, disse Alfredo Lang, presidente da C.Vale. “A agroindustrialização é a grande alternativa para gerar renda para o homem do campo, empregos e tributos para o País”.

Como parte desse projeto, ele citou o investimento de R$ 500 milhões em uma nova esmagadora de soja, capaz de processar 15 milhões de sacas do grão por ano. A C.Vale gera mais de 11 mil empregos e faturou R$ 11 bilhões em 2020. A expectativa para as próximas três décadas é atingir a marca de 45 milhões de sacas de soja processadas por ano, 3 milhões de animais abatidos por dia em todas as cadeias (frango, suíno e peixe) e 30 mil funcionários.