Cotidiano

Moro marca acareação entre Delúbio Soares e Bumlai

SÃO PAULO ? O juiz Sérgio Moro marcou uma acareação entre Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, e o pecuarista José Carlos Bumlai para confrontar as versões sobre o empréstimo de R$ 12 milhões feito por Bumlai ao Banco Schahin. A acareação ocorrerá no dia 27 e foi pedida pelo próprio Delúbio.

No final do ano passado, Bumlai afirmou em depoimento à Polícia Federal (PF) ter feito em 2004 o empréstimo para o PT. Ele disse que foi chamado em outubro daquele ano para uma reunião inesperada, à noite, no Banco Schahin por Sandro Tordin, executivo da instituição, e pelos marqueteiros Armando Peralta Barbosa e Giovane Faviere, que trabalhavam para o PT em Campinas e Curitiba, sem saber o tema do encontro. Na reunião estava também Delúbio Soares, então tesoureiro do PT. Ali, teria recebido o pedido para assinar o empréstimo.

O empréstimo não foi pago e acabou quitado fraudulentamente depois que uma das empresas do Grupo Schahin obteve contrato de US$ 1,6 bilhão com a Petrobras, para o navio-sonda Vitória 10 000. Bumlai disse que aceitou fazer o empréstimo para não se indispor com os representantes do PT, já que foi chamado ao banco Schahin na presença de Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, que já conhecia por fazer parte do comitê da campanha presidencial de Lula.

Delúbio contesta a versão. Em depoimento à Polícia Federal em abril, o ex-tesoureiro do PT, que foi condenado no mensalão, afirmou que empréstimo concedido a Bumlai pelo banco em 2004 está ligado à campanha para as eleições municipais daquele ano, mas negou que o valor tenha sido emprestado ao PT ou que ele tenha intermediado o negócio.

Delúbio afirmou que o PT não havia conseguido ir para o segundo turno em Campinas, no interior de São Paulo, e que foi procurado pelos publicitários Armando Peralta e Giovane Favieri, que lhe pediram apoio e R$ 5 milhões para a campanha do candidato do PDT, Dr Hélio, que foi o vencedor. Delúbio disse ter acertado apoio do PT, mas negado ajuda financeira, pois não havia dinheiro.

Segundo o tesoureiro, os publicitários teriam então perguntado se eles poderiam “arranjar” os recursos por conta própria e que ele não se opôs, pois não via problema que Peralta e Favieri conseguissem os recursos por conta própria. A reunião teria ocorrido na sede do PT, em São Paulo, e poucos dias depois os publicitários retornaram com Sandro Tordin, que era diretor do Banco Schahin. Tordin teria apenas perguntado se a eleição de Campinas era importante para o PT, mas em nenhum momento teria lhe falado sobre qualquer tipo de empréstimo.

A acareação foi pedida pela defesa de Delúbio e aceita por Moro nesta terça-feira.