Cotidiano

Maia pede desculpas por dizer que governo faz deputados de ?palhaços?

BRASÍLIA – Após dizer que o governo estava fazendo os deputados de ?palhaços? com as divergências sobre o projeto que altera as regras do programa de repatriação de recursos enviados ilegalmente ao exterior, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (BA), voltou atrás e pediu desculpas. Segundo Maia, ele recebeu uma informação ?errada? e por isso subiu o tom nas críticas ao governo.

? Eu falo sempre o que penso. Quero aproveitar a oportunidade para me desculpar pelas palavras de hoje mais cedo, que não foram adequadas. Eu recebi uma informação que não estava correta e reagi da forma como reagiria se a informação estivesse correta. O erro foi meu. Eu peço de público desculpas pelas minha palavras fora do tom por um motivo que não existiu ? disse Maia, durante sessão na Câmara na tarde desta quarta-feira.

Pela manhã, o presidente da Câmara afirmou que, se o governo não quer votar as mudanças na repatriação, não pode tratar os deputados como “palhaços”. Perguntado sobre a movimentação do governo para alterar alguns pontos do projeto, Maia se irritou:

? Então não vota nada. Agora, depois não vá querer aumentar imposto. Quero dizer o seguinte: se essa arrecadação vier abaixo do que está se esperando, o governo não vai fechar a conta e vai ficar com a conta aberta. Estou dizendo explicitamente. O grande conflito era foto ou filme. Agora o governo quer de novo filme, então não trate a gente como palhaço ? disse Rodrigo Maia, encerrando a conversa.

Depois de semanas de reuniões entre o relator do projeto, deputado Alexandre Baldy (PTN-GO), parlamentares e integrantes do governo, foi definido que os 30% de Imposto de Renda e multa cobrados para quem quiser regularizar os recursos serão calculados sobre o saldo da conta apurado em 31 de dezembro de 2014 ? a chamada ?foto? desse momento. O Ministério da Fazenda tem defendido, no entanto, que a tributação ocorra sobre o fluxo da movimentação financeira ? o chamado?filme? da conta não-declarada. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é um dos principais defensores da ?foto? para o cálculo do IR e multa.

? A Fazenda entende de uma maneira e o relator entende de outra, na questão da foto e do filme, e estão conversando para se entender. Estamos conversando para levar à votação um texto consensual. O ponto de maior divergência é esse ? admitiu ao GLOBO o líder do governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-SE).

A Câmara aprovou a urgência para votação da proposta na tarde de hoje, mas ainda não foi definido quando o projeto será votado.

*Estagiário, sob supervisão de Eliane Oliveira