BRASÍLIA – Um protesto contra o estupro terminou com a pichação do Supremo Tribunal Federal (STF) e um varal de calcinha pendurado no prédio. O momento mais tenso foi quando os manifestantes – que no auge do protesto somavam 1500 pessoas nas estimativas da PM – derrubaram as grades que cercam o STF e depositaram flores na estátua da Justiça. Um policial militar usou gás de pimenta para tentar contê-los, mas sem sucesso. Depois que muitas flores e cartazes já tinha sido colocados, dez seguranças do próprio STF cercaram a estátua. A PM mandou reforços para proteger o tribunal.
O grupo estava concentrado no Museu da República, no começo da Esplanada dos Ministérios, e, por volta das 11h, saiu em direção ao STF, na Praça dos Três Poderes, a menos de dois quilômetros de distância. Ao chegarem às grades que protegem o tribunal, por volta das 11h30, os manifestantes inicialmente jogaram flores em direção à estátua. Depois conseguiram superar a barreira e depositar flores e cartazes. Apesar das pichações no tribunal, em nenhum momento tentaram invadir o prédio.
O varal de calcinhas foi colocado na lateral do piso do tribunal, que é acessado por meio de uma rampa e se encontra um pouco acima do nível da Praça dos Três Poderes. Várias pessoas também sujaram as mãos de tinha vermelha e depois fizeram marcas com elas em uma das colunas externas do STF.
Havia muitos cartazes. Um deles dizia: “Não ensinem as meninas a terem medo. Ensinem os meninos sobre o respeito.” Outro fazia referência ao estupro coletivo de uma adolescente no Rio, que teve imagens compartilhadas pelas redes sociais e chamou a atenção de todo o país para o assunto. “Imagine você: sendo violentado por 30; compartilhado por 300; julgado por 3.000.000”, dizia o cartaz, que foi colocado junto à estátua da Justiça.
O protesto teve também cunho político. Entre as pichações feitas no STF, estavam “É golpe”, “Volta, querida”, “Contra o estupro da democracia”, “Fora Temer machista” e “Fora Gilmar”. São referências ao processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, ao presidente interino Michel Temer e ao ministro do STF Gilmar Mendes, crítico do PT. A deputada Érika Kokay (PT-DF) também participou do protesto.