Cotidiano

Propagação de doenças de pele aumenta no inverno; veja como evitar

O inverno prejudica a hidratação da pele e é a estação mais propícia para o surgimento de doenças como a dermatite. E se o frio não parecer um bom motivo para se cuidar, o câncer de pele vai fazer você mudar de ideia. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) projeta para este ano a ocorrência de mais de 175 mil casos da doença em sua forma mais branda no Brasil. Já os melanomas, mais graves e com taxa de mortalidade muito maior, devem atingir 5.700 pessoas em 2016. Por isso, deve-se tomar cuidados com a saúde da pele.

A dermatologista Cláudia Sá, coordenadora do departamento de Laser da Sociedade de Dermatologia do Rio de Janeiro (SBDRJ), alerta para o que, nesta época do ano, vira unanimidade: os banhos quentes. Ela explica que quando a água é aquecida em excesso pode remover a oleosidade natural e diminuir o manto lipídico que mantém a umidade do órgão, tornando-o ressecado e mais vulnerável a infecções fúngicas, bactérias, vírus ou alergias.

— O sabonete também retira camadas protetoras da pele e, por isso, o uso exagerado deve ser evitado. Outra dica é usar o hidratante logo após o banho, pois o creme é absorvido mais facilmente — diz Cláudia.

HIDRATAÇÃO É ESSENCIAL

Segundo a especialista, há poucas evidências de que algum alimento pode melhorar a hidratação da pele, mas o uso de suplementos com base de peptídeos de colágeno podem aumentar a produção de ácido hialurônico no corpo. Ela esclarece que o ácido hialurônico, naturalmente presente no organismo, é uma molécula que pode atuar como lubrificante e absorver choques em partes móveis do corpo, como as articulações. Na pele, atua preenchendo o espaço entre as células, o que a mantém lisa, elástica e bem hidratada. Porém, com o tempo, sua concentração nos tecidos do corpo diminui, o que causa o aparecimento das rugas e o ressecamento.

Especialista no rejuvenescimento global da face, a dermatologista Patricia Ormiga acrescenta que fumar cigarro pode impedir a vascularização adequada da pele e acabar com as fibras de colágeno. Substância importante para a formação dos tecidos e unhas, o colágeno tende a diminuir no processo de envelhecimento da pele.

— É comum que marcas roxas se formem com mais facilidade em pessoas idosas. Isso é consequência da fragilidade capilar. A pele fica muito fina e os vasos se rompem facilmente — explica.

Ela lembra que a luz solar é a principal causa do envelhecimento da pele, mas diz que há tratamentos e cremes que podem diminuir os sintomas, além de recomendar o uso do protetor solar diariamente. As especialistas alertam que, por lei, cosméticos de venda livre não podem ter ação terapêutica e produtos que promovam transformações devem ser prescritos por um médico.

Elas lembram ainda que o pescoço e o colo geralmente são os primeiros a apresentar sintomas de envelhecimento porque acabam “esquecidos”.

— A absorção de raios ultravioleta nestas áreas (pescoço e colo) atrofia a pele e promove a perda da elasticidade a longo prazo. A proteção solar diária feita na face, com filtro ou proteção física, deve ser estendida para o pescoço e o colo, com o cuidado de deixar secar bem o filtro solar antes de vestir a roupa, para não manchá-la — explica Cláudia Sá, que recomenda ainda o uso de hidratantes com substâncias antioxidantes e protetoras, como as vitaminas E e C à noite.

Katleen Conceição, coordenadora do setor de pele negra da Clínica Paula Bellotti, no Leblon, explica que os tons de pele mais escuros têm mais proteção aos raios solares e menos tendência a desenvolver câncer de pele porque produzem mais melanina. Por outro lado, ela diz que isso aumenta a chance de a pele queimar ou ficar manchada, o que exige cuidados durante tratamentos.

— A pele negra não fica vermelha, mas sim ressecada e escura. Isso não significa que não possamos fazer, por exemplo, procedimentos a laser ou peelings. Porém, os lasers têm que ser feitos sempre em fluências bem mais baixas para evitar qualquer risco de queimadura — explica.