CARACAS ? Apenas 100 pessoas se reuniram para aplaudir a coroação de Keysi Sayago como a venezuelana mais bonita de 2016, na noite de quinta-feira. Se concorresse há alguns anos, a engenheira mecânica de 22 anos desfilaria para 15 mil espectadores, em uma festa condizente com uma tradição nacional que já rendeu à Venezuela sete títulos de Miss Universo. A 64ª edição do evento social refletiu desta vez a grave crise econômica e política que abate o país latinoamericano.
Em vez da pompa, Keysi recebeu a láurea em um espetáculo mais intimista, adequado para caber em um estúdio de televisão. Na lista de atrações, artistas menos badalados. Em entrevista à Efe, o diretor do programa, Erick Simonato, ressaltou que os problemas de organização não eram inéditos, mas que este ano se tornaram mais urgentes. Faltaram, por exemplo, produtos essenciais à produção das 24 competidoras, como maquiagem, fita adesiva, botões de vestidos e tecidos.
Simonato, que trabalha na atração há 30 anos, explicou à agência que a arrecadação de patrocínio não foi suficiente para arcar com o luxo que se esperava do Miss Venezuela. Ainda assim, a modéstia da apresentação não desestimulou os venezuelanos: durante as quatro horas de show, 15 dos 20 assuntos mais comentados no Twitter nacional estavam ligados ao concurso.
A paixão popular situa o Miss Venezuela como a transmissão televisiva de maior audiência do ano no país. Até o impacto da crise na competição, os desfiles eram montados no grande El Poliedro, na capital Caracas, para onde se dirigiam, em trajes de gala, personalidades da TV, dirigentes políticos e empresários de elite.
Keysi se prepara a partir desta sexta-feira para o Miss Universo, festa de gala em que sua pátria é a segunda maior vencedora. Na etapa mundial, nas Filipinas em janeiro de 2017, com direito a toda a pompa, a engenheira pode levar a Venezuela ao topo do ranking, em empate com os Estados Unidos, dono de oito coroas.