PORTO ALEGRE – Palco de muitas campanhas eleitorais, o Parque da Redenção foi alvo neste domingo de uma caminhada do candidato do PT à prefeitura de Porto Alegre, Raul Pont, que, inclusive, já comandou a cidade. Cercado por um grupo pequeno de militantes e por parlamentares, Raul Pont disse que sua campanha está sendo “massacrada” pelo noticiário sobre as investigações envolvendo petistas como o ex-presidente Lula e o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, que foi detido e depois liberado.
Como em outros locais, a bandeira do PT foi deixada em segundo plano nessa campanha. A bandeira da campanha é branca, como o nome de Raul escrito numa espécie de arco-íris. Há um 13 vermelho, mas não a estrela. O slogan da campanha “Porto Alegre-se” também é exibido nos programas inclusive na cor azul.
? Estamos sendo massacrados todos os dias pela mídia: com notícias sobre Lula, Mantega. Mas tem vida real (em Porto Alegre). Há uma lembrança das pessoas de que houve obras de água, pavimentação nos bairros mais pobres durante nossas gestões ? dizia Raul Pont aos petistas, numa roda.
Pont disse que sempre foi um “crítico” e acredita que o PT foi “omisso” em alguns momentos, inclusive não punido exemplarmente algumas pessoas. O PT gaúcho chegou a defender a realização do Congresso do PT já este ano, mas a direção nacional decidiu realizar na primeira metade de 2017.
? Pagamos o preço hoje pela crucificação. Partidos como o PMDB, o PP também têm nomes envolvidos. E há um notíciário extremamente negativo: no caso do ministro Mantega, mandou soltar, mas o estrago já estava feito ? disse Raul Pont AO GLOBO, depois da caminhada.
Pont disse que a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu um golpe e que o partido cometeu muitos erros nacionalmente. Ele e o PT gaúcho costumam ser críticos à direção nacional. Dilma gravou uma participação na propaganda eleitoral, mas sua ação se resumiu a isso. Na caminhada pelo Brique da Redenção ? uma feira de artesanato famosa em Porto Alegre, Pont estava acompanhado do ex-ministro Miguel Rossetto, um dos mais próximos de Dilma. E ainda dos deputados federais Henrique Fontana (PT-RS) e Maria do Rosário (PT-RS).
? Não temos nenhum problema em defender a Dilma. O que houve foi um golpe: mudança de governo sem eleição. Sempre fomos críticos, principalmente quando Dilma chamou o Joaquim Levy (para a Fazenda) ? disse o petista.
Durante a caminhada, os militantes de outras candidaturas se encontraram. Os petistas gritavam “Fora Temer!” e “golpistas”. E ouviam de volta agressões como “ladrões”.
Para o ex-ministro Rossetto, a grande vantagem desta campanha é a proibição do financiamento privado.
? Essa é uma campanha diferente. É a primeira experiência eleitoral de não haver financiamento privado, a grande qualidade desta campanha ? disse Rossetto.
Fora do comando da cidade de Porto Alegre desde o final de 2008, quando perdeu a eleição depois de 16 anos no poder, o PT do Rio Grande do Sul luta agora para conseguir ir ao segundo turno da eleição municipal.
Na página do candidato, sua biografia diz que ele já enfrentou “dois golpes: de 64 e de 2016”, numa alusão ao impeachment. Mas, no dia a dia da campanha, Raul adotou um tom soft: com as cores variadas e o branco sempre ao fundo. Petista histórico, Pont diz que a campanha reflete participação de movimentos populares.
Na Redenção, todas as candidaturas têm barraquinhas, que ficam uma ao lado da outra. Às vezes, nas caminhadas, os grupos de cruzam. Os candidatos apostam em comparecer em horários diferentes para não haver uma tensão desnecessária.
A última pesquisa Ibope, divulgada na sexta-feira, mostra o candidato do PMDB e de mais 13 partidos, Sebastião Melo, com 29% das intenções de voto; Raul Pont e Nelson Marchezan, com 17% cada um, seguidos de Luciana Genro (PSOL), com 12%. Considerando a margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos, os últimos três estão tecnicamente empatados. Mas Luciana Genro vem caindo, tendo perdido cinco pontos percentuais. Pont perdeu dois pontos percentuais, de 19% para 17%, e Marchezan manteve os 17%.