Cotidiano

Polícia Federal indicia presidente da Gerdau e mais 18 pessoas

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BRASÍLIA – A Polícia Federal (PF) indiciou o empresário André Gerdau Johannpeter, presidente do Grupo zelotes_1605 Gerdau, e mais 18 pessoas investigadas em inquérito da Operação Zelotes, que apura irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão ligado ao Ministério da Fazenda. O relatório final foi encaminhado à 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal na última sexta-feira.

O Grupo Gerdau, que atua no ramo siderúrgico, é suspeito de ter tentado sonegar R$ 1,5 bilhão. O Carf é uma espécie de tribunal administrativo, ao qual os contribuintes recorrem contra multas aplicadas pela Receita. A Zelotes investiga o pagamento de propina a conselheiros e ex-conselheiros do Carf por empresas interessadas em reverter multas milionárias. Para isso, elas contratariam escritórios de advocacia e empresas de consultoria, para fazer a ponte entre os dois lados.

Além de André Gerdau, foram indiciados conselheiros e ex-conselheiros do Carf, advogados e integrantes da diretoria da empresa. Os investigados foram indicados por crimes como corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de influência.

A 6ª fase da Zelotes foi realizada em 25 de fevereiro, tendo como alvo o Grupo Gerdau. Na ocasião, a 10ª Vara Federal do DF autorizou a expedição de 18 mandados de busca e apreensão nos endereços do grupo empresarial no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Rio Grande do Sul e Pernambuco e outros 22 de condução coercitiva ? quando a pessoa é obrigada a depor ? sendo um deles contra André Gerdau.

Apesar de ter concluído o relatório de 176 páginas, a PF ainda não terminou a análise do material apreendido durante as buscas. Assim, nada impede novos indiciamentos ou a realização de novas investigações.

Segundo informado pela PF, o indiciamento, realizado menos de três meses depois de a operação ter se tornado pública, tem o objetivo de evitar a prescrição dos crimes e a impunidade. A PF comunicou também que a Receita ajudou nos trabalhos de investigação.

A Zelotes foi deflagrada em 26 de março de 2015, e desde então deu origem a vários inquéritos. Além do Grupo Gerdau, foram realizadas investigações separadas para várias empresas, como os bancos Santander e Safra.

Para além do Carf, a Zelotes também investigou a possível compra de trechos de medidas provisórias (MPs) que beneficiaram o setor automotivo. Nesse caso, já houve uma sentença, do juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do DF, condenando seis lobistas, dois executivos e um servidor público.

Outra frente de investigação analisa o trabalho da empresa LFT, de Luis Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele recebeu R$ 2,4 milhões da Marcondes & Mautoni, empresa investigada na Zelotes, para fazer quatro trabalhos tratando do envolvimento de empresas no esporte. Os textos produzidos têm vários trechos copiados da internet, e os investigadores suspeitam que tenham sido apenas um meio para justificar repasses para a empresa.