SÃO PAULO – O Ministério Público do Rio de Janeiro pediu ao juiz Sérgio Moro acesso a documentos da Operação Lava-Jato. Os promotores querem usar os dados obtidos pela Polícia Federal durante as 32 fases da investigação para instruir 15 procedimentos instaurados no Rio que apuram supostas irregularidades em contratos assinados pelos governos estadual e municipal.
Um dos focos das investigações do MP do Rio é a renovação dos contratos da Supervia. A empresa, que administra a malha ferroviária da região metropolitana, é controlada pela Odebrecht Mobilidade, um dos braços da construtora. Em 2010, no final do primeiro mandato do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), o estado renovou a concessão 13 anos antes do fim do contrato ainda em vigor. A antecipação do negócio chamou a atenção dos investigadores.
Neste caso, os promotores pedem acesso a dados da 23ª e 26ª fase da Lava-Jato, ambas tiveram como alvo o esquema de pagamentos de propina da Odebrecht. Eles querem saber se há relação do esquema com a renovação do contrato. Em março, o GLOBO mostrou que uma das planilhas encontradas com o executivo da empresa, Benedicto Júnior, revelava que Cabral pode ter sido um dos políticos beneficiados pela empreiteira.
O nome de Cabral aparece na lista associado ao codinome “Próximus”. Ao lado do nome do ex-governador segue o número “500”. Em outra planilha encontrada pelo investigadores na 26ª fase, batizada de “Xepa”, a encontrou o mesmo apelido como destinatário de quatro parcelas no valor de R$ 500 mil, cada uma. Na época, assessoria do ex-governador informou que ?todas as contribuições das campanhas eleitorais do ex-governador foram de acordo com o que estabelece a lei?.
O MP do Rio quer também dados relativos a obras do Parque Olímpico. Eles pediram a Moro dados relativos ao prefeito carioca Eduardo Paes e as construtoras Odebrecht, Andrade Gutierrez, Camargo Correa, Carvalho Hosken e Concremat, que foram o consórcio que fez as obras..
No documento encaminhado ao juiz, os promotores Liana Barros Sant’Ana, Flávio Bonazza de Assis, Alberto Flores Camargo e André Luiz Passos da Costa afirmam que a documentação pedida pode trazer provas materiais às investigações em curso.