Curitiba – Sábado completou três meses de bloqueios na BR-277, do km 39 ao 42, em direção ao litoral paranaense. Neste tempo, o prejuízo estimado é de R$ 82 milhões, sem contar a falta de segurança dos motoristas obrigados a passar pelo local regularmente. Quem aponta é a Fetranspar (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná), replicando a reclamação constante das transportadoras. E para piorar, a temporada de verão fez dobrar o movimento naquele percurso. É um verdadeiro desafio chegou até o litoral do Estado.
As longas filas tornam a viagem mais longa, cansativa e até perigosa. De acordo com o presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (Fetranspar), Coronel Sérgio Malucelli, as empresas transportadoras que fazem o percurso reclamam de falta de segurança. Os motoristas, devido ao trânsito lento estariam sendo vítimas de assalto. Situação que se repete também na proximidade do Porto de Paranaguá.
Outro problema causado pelos bloqueios são os prejuízos. De acordo com o presidente do Sistema Fetranspar a estimativa é que os prejuízos no setor já ultrapassem os 82 milhões de reais em 90 dias de bloqueios. Só com combustíveis, as empresas relatam um aumento de 17% no consumo do diesel.
A previsão é de que as obras nos quilômetros 39 e 41 sejam concluídas até o dia 25 de fevereiro. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER/PR) é o órgão responsável pelas intervenções no trecho. Já o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) continua responsável pelas obras no km 42. A previsão é de liberação de uma das faixas, da pista esquerda, no km 42, até o dia 16 de fevereiro deste ano, antes do feriado de Carnaval. A partir deste dia o DNIT informou que deve utilizar um equipamento de menor porte, e vai dar continuidade nas obras com uma faixa liberada, até o dia 31 de março, quando todos os serviços estarão concluídos.
As restrições de tráfego na principal rodovia que leva ao litoral do Paraná, a BR-277, devem interferir também o escoamento da safra de verão. Esta é também a observação do Sistema Ocepar – que representa as cooperativas paranaenses.
De acordo com o coordenador da Gerência de Desenvolvimento Técnico da Ocepar, Silvio Krinski, a partir da última semana deste mês de janeiro deve aumentar o movimento de caminhões levando soja do oeste do estado para o Porto de Paranaguá. O porta-voz da Ocepar comentou ainda sobre as restrições de tráfego para caminhões neste fim de semana. O especialista diz que há a necessidade de políticas de infraestrutura adequadas para o modelo econômico do estado.
Corredor da safra
Segundo a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP), há uma estimativa de produção nesta safra de 25,5 milhões de toneladas de grãos, sendo 21,4 milhões de toneladas somente de soja e 4,1 milhões de toneladas de milho. Vale lembrar que em dezembro do ano passado a FAEP encomendou um estudo que mostra que os recentes incidentes geológicos registrados na rodovia BR-277 e na Estrada da Graciosa, que provocaram a interdição das vias, poderiam ter sido evitados, e seus impactos minimizados, se houvesse um serviço de monitoramento geológico, análise dos riscos e planejamento. De acordo com o relatório, algumas obras que já estavam sendo realizadas podem ter agravado a situação e contribuído para os deslizamentos.
Foto: Rodrigo Félix Leal / SEIL