LIMA ? Investigada pela Justiça por suposta lavagem de dinheiro, a ex-primeira-dama peruana Nadine Heredia retornou nesta quinta-feira da Suíça a Lima por ordem de um juiz. Mulher do ex-presidente Ollanta Humala (2011-2016), Nadine havia sido indicada para ocupar um alto cargo no Fundo da ONU para a Agricultura (FAO), num caso que é visto como tentativa de ajudá-la a escapar da Justiça com foro privilegiado no país europeu.
? Pedi licença não remunerada de mais ou menos 15 dias. A partir daí, devo retornar a meus afazeres em Genebra ? disse Nadine, antes de se apresentar ao gabinete do juiz Richard Concepción.
O magistrado havia ordenada a Nadine que voltasse até 5 de dezembro para responder à investigação, poderia ser presa se descumprisse a ordem. Ela disse que “não temia retornar” a Lima, afirmando que “estava cumprindo as normas e regras de conduta” requeridas.
A indicação de Nadine pelo diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano, foi visto como uma nomeação política. O chanceler peruano, Ricardo Luna, pediu à FAO que reconsidere a designação ? promotores chegaram a pedir a prisão preventiva de Nadine. Analistas acreditam que, por trás da nomeação de Nadine, esteja o PT, que foi, junto ao chavismo, um dos grandes aliados de Humala na região. Graziano foi ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome no primeiro governo Lula.
As denúncias a Nadine surgiram durante o governo de seu marido e mencionam a suposta lavagem de cerca de US$ 1,5 milhão que teriam sido injetados nas campanhas presidenciais de Humala de 2006 e 2011 pelo governo chavista e por empreiteiras brasileiras, entre elas a Odebrecht. A principal prova em mãos da Justiça é uma agenda de Nadine.
A Suíça não tem acordo de extradição com o Peru. (Colaborou Janaína Figueiredo)