RIO ? Morto neste domingo, aos 53 anos, o cantor e compositor inglês George Michael teve uma forte relação com o Brasil. Em 1991, ele fez duas apresentações no Rock in Rio II, no Maracanã, na primeira e única oportunidade em que cantou para o público brasileiro.
Naquela viagem, Michael conheceu, em seu camarim, o estilista Anselmo Feleppa, e se apaixonou pelo brasileiro. Os dois iniciaram uma relação amorosa, mas, pouco depois, Feleppa descobriu que tinha o vírus da Aids. O britânico passou os quatro anos seguintes ajudando a cuidar do namorado, até sua morte, em 1995.
Segundo o cantor, foi a primeira vez em que ele teve uma relação amorosa com um homem. “Eu já transava por aí, mas tinha tão pouca experiência com homens que minha vida sexual era absurdamente inadequada para mim. Até conhecer Anselmo”, contou ao jornal inglês “The Independent”, em 2005.
“É muito difícil sentir orgulho de sua sexualidade quando ela nunca lhe trouxe alegria, mas, quando você encontra uma pessoa que realmente ama… não é tão difícil assim”, continuou. “Anselmo rompeu minhas barreiras vitorianas e me mostrou como viver realmente, como curtir a vida”.
Certa vez, em 2007, Michael chegou a pedir para que uma entrevista em que ele discutia seus temores de ser portador do vírus HIV fosse retirada de um documentário a ser veiculado pela BBC.
“Ele sentiu que essa era uma experiência pessoal demais”, disse um porta-voz do cantor. “Pessoal demais para a família de Anselmo rememorar”.
Produtor do documentário “Stephen Fry: HIV and me”, Ross Wilson revelou, na época, parte do que foi conversado na entrevista.
“George disse que não acredita em testes (de HIV”, contou Wilson. “Ele disse que acha que a esperar por resultados é (uma dor) excruciante e que não fazia teste desde pelo menos 2004 por temores de poder ser soropositivo”.