LIMA – Um tribunal peruano condenou a 22 anos de prisão o ex-chefe do Exército Nicolás Hermoza e o ex-diretor de Inteligência Vladimiro Montesinos, ambos figuras de peso no governo Alberto Fujimori (1992-2000), pelo assassinato e a incineração dos corpos de três universitários que se opunham ao governo, em 1993. Os dois já estão presos há 15 anos por outras violações aos direitos humanos.
De acordo com a decisão do tribunal, Hermoza e Montesinos tinham ciência e responsabilidade no desaparecimento forçado de do professor Justiniano Najarro e os estudantes Martín Roca Casas e Kenneth Anzualdo. Os três foram detidos por uma patrulha militar na Universidade Técnica de Callao, no auge das operações para enfrentar os grupos armados Sendero Luminoso e MRTA.
Apesar de os corpos nunca terem sido achados, a investigação concluiu que os três foram incinerado num forno dentro da sede do serviço de Inteligência do Exército, em Lima.
A promotoria impulsionou o processo junto às famílias das vítimas, e pedira 35 anos de prisão aos acusados. Também foi condenado, mas em ausência, o ex-chefe da Direção de Inteligência do Exército Jorge Nadal. Ele está foragido e tem ordem de captura.
Hermoza, que é general aposentado, tem 81 anos e cumpre penas por outras sentenças por corrupção, sequestro e homicídio. Foi considerado culpado de desaparecer com mais de 20 pessoas, com base em um esquadrão da morte do Exército.
Homem forte de Fujimori, Montesinos cumpre mais de 20 anos de prisão pelos mesmos crimes que Hermoza. Ele é ainda culpado de comandar uma rede de narcotráfico que teve implicadas ações diretas com criminosos como Pablo Escobar.
A repressão aos grupos armados deixou mais de 69 mil mortos e outros 15 mil desaparecidos entre 1980 e 2000. Fujimori também está preso e cumpre pena por crimes de corrupção e lesa-Humanidade.