Cotidiano

'Dono' do Coachella investiu em grupos antigays e que negam as mudanças climáticas

RIO ? Um dos eventos musicais mais badalados do mundo, o Coachella atrai, ano após ano, centenas de milhares de jovens frequentadores, num clima que descende da paz e do amor do lendário Woodstock. O que aqueles que curtem o festival talvez não saibam é que o homem por trás do evento se alinha com a extrema-direita, tendo doado grandes quantias de dinheiro para grupos antigays e que negam as mudanças climáticas.

Philip Anschutz é dono da AEG, uma das maiores empresas de entretenimento dos Estados Unidos, responsável por equipes esportivas, estádios e casas de shows. E o Coachella, realizado anualmente no deserto de Indio, na Califórnia, está sob seus domínios. Este ano, o festival terá Radiohead, Beyoncé e Kendrick Lamar como atrações principais.

De acordo com o “Washington Post”, Anschutz doou parte de sua fortuna ? estimada em US$ 12 bilhões ? para grupos anti-LGBT, como Alliance Defending Freedom, National Christian Foundation e Family Research Council, grupos que lutam para cassar os direitos conquistados por gays por meio de ações judiciais e lobby.

“A influência de Phil Anschutz na política do (estado americano) Colorado é conhecida há anos, mas o grau de seu apoio aos grupos anti-LGBTQ, que financiam grupos extremistas de ódio como o Pray in Jesus Name, de Gordon Kligenschmitt, é chocante”, disse Ian Silverii, diretor executivo da ONG ProgressNew Colorado.

Além disso, Anschutz apoiou os grupos que negam as mudanças climáticas. De acordo com o Greenpeace, duas vezes por ano ele se reúne com os irmãos Koch, grandes exploradores de petróleo e gás, em seus “encontros estratégicos”. Anschutz é acusado de usar seus veículos de mídia, como o “Washington Examiner”, para reforçar suas visões de extrema-direita.

E tudo indica que o festival sofrerá sua primeira baixa. Não, não tem nada a ver com Phil Anschutz, mas a banda Show Me the Body, anunciada como atração dos dois domingos do festival, disse não ter aceitado o convite para tocar e pediu para ser retirada da escalação.