RIO – O diretor de integridade corporativa da mineradora Vale, Clóvis Torres, defendeu nesta terça-feira o retorno às atividades da Samarco, companhia responsável pelo desastre de Mariana (MG) em novembro do ano passado e que tem a Vale como uma das sócias. Segundo o executivo, a companhia ?está completamente parada hoje, não gera receita? e precisa voltar a ?gerar tributo, emprego e riqueza?.
Também nesta terça-feira, em Tóquio, o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, afirmou que a Samarco pode ter sua licença revista para voltar a operar no começo de 2017. Há alguns dias, porém, o secretário adjunto da Secretaria de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Vieira, afirmou que a Samarco poderia retornar às atividades em meados do ano que vem. Em junho, a mineradora protocolou ao estado de Minas uma solicitação de licença prévia.
? Existe um esforço dos acionistas e também da sociedade mineira para o retorno das atividades da Samarco, não só pelos tributos que ela paga, mas também pelos empregos e pelo desenvolvimento que ela traz para a região. Não faz sentido imaginar que toda vez que ocorre um acidente, a empresa, como punição, tenha que deixar de existir. O que tem que ser feito é corrigir o erro que teria ocorrido, melhorar a situação das comunidades no seu entorno, mas também fazer o seu propósito, que é gerar tributo, emprego e riqueza ? afirmou Torres durante o Congresso Mundial de Mineração, que acontece esta semana no Rio.
Torres não informou em qual prazo a Vale esperar que a Samarco retorne, mas disse que a mineradora ?tem o apoio das autoridades? para que isso ocorra:
? A Samarco está parada. Ela não produz nada, não gera receita nenhuma. Sem dúvida queremos que ela retorne. Com relação ao prazo, ele segue a legislação, mas o que temos hoje de apoio das autoridades.Mesmo assim, entendemos que não se trata de um processo de licenciamento comum.
Dada sua situação financeira frágil, a Samarco já deixou de pagar juros dos seus títulos a investidores e está em processo de renegociação com os credores para se manter de pé. Sobre isso, Torres disse apenas que as negociações estão em andamento. De acordo com o executivo, plano de operação de estoque de rejeito em cavas de minas já esgotadas, em vez de barragens, permitirá à Samarco operar por pelo menos mais 15 anos.
? A intenção é usar cavas de minas já exauridas. É um processo extremamente simples, de desvio dos rejeitos via caminhão mesmo, e preencher o buraco com o rejeito. Isso vai dar uma vida útil de três anos para a Samarco. Considerando a utilização da estrutura da Vale nas redondezas, nós podemos chegar a mais 12 anos de operação ? informou o executivo.