BRASÍLIA – Ao contrário do que foi publicado na edição desta terça-feira de O GLOBO, o empresário Joesley Batista, presidente do grupo J&F, poderá manter o contato com o irmão Wesley Batista, presidente do grupo JBS. A permissão estava na petição do Ministério Público Federal enviada nesta segunda-feira à Justiça. Nela, o procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes, pede que seja cancelado o acordo que manteve Joesley no cargo de presidente do grupo J&F e que ele seja proibido de manter contato com nenhum outro investigado nas Operações Greenfield, Sépsis e Cui Bono da Polícia Federal.
Segundo o procurador, o empresário teria violado o princípio da boa fé e, por isso, teriam de ser restabelecidas as medidas restritivas que foram pedidas acatadas inicialmente pela Justiça no âmbito da Operação Greenfield, que apura crimes contra Fundos de Pensão, FGTS e Caixa Econômica Federal.
Entre os motivos listados pelo MPF está a descoberta de indícios da prática de atos ilícitos por parte de Joesley e do diretor presidente da Eldorado Celulose, José Carlos Grubisich Filho, para esconder irregularidades cometidas à frente da Eldorado Celulose.
A Eldorado teria contratado apuração independente da Ernest & Young e a Veirano Advogados para, em vez de apurar as irregularidades, legitimar práticas ilegais como o pagamento de R$ 37,4 milhões da Eldorado para as empresas Viscaya e Araguaia, de propriedade de Lúcio Funaro, que está preso em Brasília a responde a várias investigações.
?A equipe de auditoria contratada pela Eldorado buscou, de todas as formas, trazer uma aparência de transparência e legalidade para as referidas operações financeiras, aduzindo ser impossível inferir uma correlação entre pagamentos realizados pela Eldorado às empresas de Lúcio Funaro e a concessão do financiamento ou quaisquer vantagens em favor da companhia?, afirma um dos trechos do documento.
O procurador ainda requereu o bloqueio das ações pertencentes a Joesley na holding J&F, por meio de comunicação oficial à CVM, a Comissão de Valores Mobiliários. Quer o bloqueio dos bens, ativos, contas bancárias, títulos mobiliários e investimentos pertencentes a Joesley e Grubisich no montante suficiente para recompor em R$ 3,8 bilhões: prejuízo dos Fundos de Pensão, o FGTS e a Caixa Econômica Federal.
Joesley e Grubisich também não deveriam exercer qualquer cargo ou função de direção em empresa ou grupo empresarial da holding J&F. Eles não poderão _ se a Justiça decidir favoravelmente ao pedido do MPF _ ausentarem-se das cidades de seus respectivos domicílios, salvo com prévia autorização judicial. Os passaportes devem ser apreendidos.
O MPF ainda pediu o afastamento cautelar de toda a Diretoria da Eldorado Brasil S.A., até o final da investigação criminal. E quer que a diretoria provisória seja indicada exclusivamente pelos conselheiros representantes da Funcef e Petros no Conselho de Administração da mencionada empresa.