RIO ? A Conferência do Clima de Marrakesh (COP-22) termina esta sexta-feira sem grandes avanços. Representantes de cerca de 190 países assinaram um documento, a Proclamação de Marrakesh, reafirmando seu compromisso político de aplicar o Acordo de Paris. Desta forma, validam a meta de limitar o aquecimento global a, no máximo, dois graus Celsius. Além disso, os países desenvolvidos prometem destinar US$ 100 bilhões por ano, a partir de 2020, para que nações pobres apliquem políticas de mitigação e adaptação contra as mudanças climáticas.
A convenção marroquina terminou sem a definição de como devem ocorrer o financiamento e a transferência de tecnologia para países pobres, tampouco mecanismos de transparência para averiguar o cumprimento das metas divulgadas à ONU. Estes compromissos, aliás, estão aquém do necessário para impedir o desenfreado aquecimento global.
No início do dia, 48 países menos desenvolvidos, entre eles Bangladesh, Etiópia e Filipinas, anunciaram que apresentariam em breve planos para zerar suas emissões de gases de efeito estufa. Para isso, no entanto, reivindicaram verbas para as nações desenvolvidas.
? É comovente ver que, apesar de sua relativa pobreza, os países mais vulneráveis estão levando o mundo a desenvolver as metas do Acordo de Paris ? conta Mohamed Adow, porta-voz do clima da ONG Christian Aid. ? Estas nações podem ser relativamente pequenas em tamanho, mas tornaram-se titãs nas negociações climáticas.
Durante a COP-22, apenas US$ 165 milhões foram prometidos pelas economias avançadas para o Fundo Verde. Os EUA entregaram cerca de US$ 500 milhões, embora tenha planejado uma doação de US$ 3 bilhões. O restante, então, teria que ser aplicado no governo de Donald Trump, uma ação que parece improvável ? o republicano acredita que o aquecimento global é uma ?farsa? inventada para frear o crescimento econômico americano. Sua eleição, aliás, dominou as discussões da conferência, e até a delegação de seu país manifestou preocupação com a eventual saída dos EUA do Acordo de Paris.