WASHINGTON – Diante do tema mais polêmico envolvendo a eleição do futuro presidente dos EUA, Donald Trump, a comissão de Inteligência do Senado anunciou nesta sexta-feira que investigará os contatos entre a campanha do republicano e a Rússia. Revelações recentes dão conta de que o então candidato mantinha contatos com autores de ciberataques acusados de influenciar a eleição americana.
O presidente da comissão, Richard Burr (republicano da Carolina da Norte), disse na sexta-feira que investigaria eventuais laços entre Trump e os russos. No dia anterior, não mencionara esta atividade como parte da ação do comitê.
Segundo Burr e seu par democrata na comissão, senador Mark Warner, haverá até intimações para garantir depoimentos da equipe do presidente Barack Obama e da equipe de Trump para investigar os ciberataques e outros esforços de interferência na eleição. ciberataques
A uma semana de sua posse, em 20 de janeiro, Trump entrou em atrito com seus futuros serviços de inteligência, aos quais acusou publicamente de incompetência e deslealdade, enquanto seus futuros ministros expressaram confiança neles. No Twitter e em sua primeira coletiva de imprensa desde a sua eleição, acusou os serviços de inteligência de estar por trás do vazamento para a imprensa de um relatório cuja veracidade não foi comprovada citando alegadas ligações do bilionário com a Rússia e outras informações comprometedoras, incluindo um suposto vídeo sexual.
Os chefes dos serviços de inteligência apresentaram nesta sexta-feira a Trump um resumo do relatório, de acordo com vários meios de comunicação. O presidente eleito considerou “ultrajante que as agências de inteligência tenham permitido” a publicação “de informações errôneas e falsas”. Ele também atacou a imprensa, principalmente o site Buzzfeed, descrito como “monte de lixo”, após ser o primeiro a publicar este relatório.
Um especialista do Council on Foreign Relations, Max Boot, conhecido por suas posições anti-Trump, sugeriu no “New York Times” ao presidente eleito “limpar seu nome” criando uma comissão especial para investigar o caso.
? Os ataques de Donald Trump afetaram o moral dos agentes ? lamentou por sua vez o senador Mark Warner, vice-presidente da comissão de Inteligência no Senado.
Desde sua eleição, Donald Trump desmentiu várias vezes os serviços secretos. Depois de inicialmente rejeitar suas conclusões sobre a interferência da Rússia na eleição presidencial, reconheceu na quarta-feira pela primeira vez que Moscou estava por trás dos ciberataques ao Partido Democrata. Ele já havia dado crédito a Julian Assange, fundador do WikiLeaks e um crítico ferrenho de Hillary Clinton, que negou que Moscou tenha fornecido as informações que ele publicou sobre o Partido Democrata.
O próximo chefe do Pentágono, James Mattis, afirmou ter uma “confiança muito elevada” na inteligência dos Estados Unidos, assim como o futuro diretor da CIA, Mike Pompeo, a respeito dos seus agentes. Pompeo atribuiu claramente os ciberataques durante a campanha eleitoral americana a “altos funcionários da Rússia”:
? Não vejo nada que precisa ser revisto nas conclusões do relatório da CIA sobre esta questão.