FRANKFURT – O Banco Central Europeu (BCE) começará, nesta quarta-feira, a comprar dívidas de empresas da zona do euro, em mais uma das medidas lançadas no últimos meses para tentar levar a uma alta da inflação do bloco. Deste modo, a instituição vai financiar a atividade de grupos farmacêuticos, companhias aéreas e fabricantes de automóveis.
O BCE já assegura a compra de 80 bilhões mensais de obrigações nos mercados, para tentar tirar a economia da zona do euro da letargia. Esse plano de compra de ativos também chamado de quantitative easing (ou QE) se centrava, até agora, principalmente na aquisição de dívida soberana dos 19 países do bloco.
O QE, junto à redução das taxas de juros e aos empréstimos colossais concedidos aos bancos formam a estratégia do BCE para dinamizar a economia e afastar o espectro de uma espiral deflacionária (queda de preços, que atrasa as compras e desalenta os investimentos).
PLANO TEM RESTRIÇÕES
Com a compra da dívida corporativa, a instituição com sede em Frankfurt vai facilitar o financiamento das empresa e estimulá-las a investir. Fica a dúvida de se o plano alcançará seus objetivos. Muitas companhias emitem dívida para investir, mas também para reembolsar os créditos.
Os bônus corporativos representam apenas uma pequena proporção dos 80 bilhões usados mensalmente pelo BCE para comprar dívida. Muitos analistas estimam que o volume será de algo entre 5 bilhões e 10 bilhões. Os especialistas do Commerzbank reduzem esse montante para cerca de 3 bilhões a 5 bilhões.
O BCE deveria se lançar neste mercado com pequenos passos, afirmam os especialistas do banco alemão em uma nota.
O mercado destes produtos é muito mais reduzido do que o das dívidas soberanas, e o BCE fixou regras que restringem sua margem de manobra. A instituição se absterá de comprar, por exemplo, obrigações emitidas por bancos.